IA já identifica pinceladas de artistas. E Raffaello tinha uma mãozinha extra

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Um sistema de IA superou os investigadores: descobriu um pormenor no “Madonna della Rosa”, de Raffaello, que muda a forma como vemos o rosto de São José.

Há muito tempo que vários estudiosos garantiam que o rosto de São José, representado no canto superior esquerdo da pintura renascentista datada de 1520, não estava tão bem desenhado como os restantes da pintura.

Agraa, um equipa de investigadores criou um algoritmo de análise personalizado que se baseia noutras pinturas de Raffaello para estabelecer um padrão que permita ao sistema reconhecer as pinturas do autor.

“Usámos imagens de pinturas autenticadas de Rafael para treinar o computador a reconhecer o seu estilo de forma muito pormenorizada, desde as pinceladas, a paleta de cores, o sombreado”, explicou Hassan Ugail, informático  da Universidade de Bradford, no Reino Unido, um dos responsáveis pela IA, na altura em que a descoberta foi publicada, em dezembro de 2023, no site da Universidade de Nottingham.

De acordo com a Science Alert, a equipa modificou uma arquitetura pré-treinada desenvolvida pela Microscoft chamada ResNet50, associada a uma técnica tradicional de aprendizagem automática chamada Support Vetor Machine. Esse método fez com que a precisão da tecnologia ao identificar pinturas de Raffaello fosse de 98%.

Ainda assim, quando é pedida à IA que identifique o autor da obra como um todo, esta associa-a ao pintor italiano. É apenas quando o quadro é separado por partes que a diferença se percebe.

Todas as outras partes do quadro, incluindo os rostos da Madona e do Menino, são da autoria do renascentista, à exceção da cabeça de São José, que a IA não reconhece como sendo pintada por Raffaello. Será fraude ou uma pequena ajuda?

Na verdade, é já desde o século XIX que os investigadores desconfiam de que Raffaello pode não ser o autor de todas as pinturas que se lhe atribuem. No entanto, nenhum humano foi capaz de o provar sem recurso a IA.

Não se trata de uma IA a ocupar o lugar das pessoas“, garante Ugail no artigo da Universidade de Nottingham. “O processo de autenticação de uma obra de arte envolve a análise de muitos aspetos, desde a sua proveniência, pigmentos, estado da obra e assim por diante”.

Ainda assim, admite: “Este tipo de software pode ser utilizado como uma ferramenta para ajudar no processo“. Pode, então, a nova IA perita em pinceladas de autor descobrir novos mistérios renascentistas?

CBP, ZAP //

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