Putin tenta mostrar ao mundo que não está sozinho como pensam

Alexander Nemenov / EPA

Vladimir Putin, presidente da Rússia, e Cyril Ramaphosa, presidente da África do Sul (BRICS 2024)

Presidente da Rússia está na cimeira dos BRICS mas a sua prioridade não será o programa oficial do encontro.

Esta terça-feira é dia de cimeira dos BRICS, o grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, que agora também inclui Irão, Egito, Etiópia, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita – e que ainda pode juntar outros países em breve.

O encontro tem lugar em Kazan, na Rússia, por isso o anfitrião neste ano é Vladimir Putin.

No entanto, o presidente da Rússia estará mais focado nas diversas reuniões bilaterais confirmadas pelo Kremlin – uma delas com António Guterres, secretário-geral da ONU.

Esta série de encontros envolve também conversas com Narendra Modi, presidente da Índia, ou Dilma Rousseff, ex-presidente do Brasil e agora presidente do Novo Banco de Desenvolvimento.

Putin tem uma prioridade: mostrar ao Ocidente que não está sozinho, mesmo com a longa guerra na Ucrânia.

“Ao lado de todos estes líderes, apertando as mãos e tirando fotografias, Vladimir Putin tentará dizer ao mundo que a Rússia não está isolada“, começa por dizer Alexander Gabuev, diretor do Carnegie Russia Eurasia Cente.

O especialista em assuntos relacionados com a Rússia acrescenta: “Ele quer projetar que a Rússia faz parte da maioria global e que a parte da comunidade internacional que está a tentar isolar a Rússia é o Ocidente. Portanto, o Ocidente é, por padrão, a minoria global que está a condenar a Rússia ao ostracismo”, sugere Alexander, citado na Globo.

O próprio BRICS, considera o Kremlin, é visto como uma poderosa ferramenta de integração e meio de contestação ao Ocidente – lembremos que Índia e China, os dois países com mais habitantes, estão neste grupo; além do óbvio poder económico de alguns dos países.

E, já que é arriscado visitar muitos países por causa do mandado de prisão emitido pelo Tribunal Penal Internacional, o presidente da Rússia quer, com este evento com os parceiros emergentes, transmitir a ideia que o Ocidente está a viver numa ilusão: a Rússia não está sozinha.

Na conversa que teve com Dilma Rousseff, Putin já falou sobre a eventual criação de um sistema de pagamentos próprio do BRICS, independente do dólar. Seria um desvio das sanções e uma forma de confrontar o status-quo ocidental. E Dilma gostou da ideia.

ZAP //

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