Os satélites chineses Qianfan, lançados em agosto, excedem em muito os limites de brilho sugeridos pelas autoridades astronómicas. Esta crescente “megaconstelação” poder vir a tornar-se um problema grave.
Os recentes satélites Thousand Sails (Qianfan), de origem chinesa, têm atraído muita atenção devido ao seu brilho excessivo, que pode ser observado a olho nu.
No entanto, estes satélites ultrapassam os limites recomendados de luminosidade estabelecidas pela comunidade astronómica.
Os Thousand Sails são parte de um projeto ambicioso da Shanghai Spacecom Satellite Technology (SSST), que visa competir com a megaconstelação Starlink da SpaceX, proporcionando Internet de alta velocidade globalmente.
Como escreve a Live Science, a China planeia lançar até 15.000 satélites até 2030. No entanto, essa iniciativa que gera preocupações entre astrónomos e entusiastas do espaço devido ao potencial aumento de poluição luminosa e interferência nas observações astronómicas.
O lançamento do primeiro grupo de 18 satélites Qianfan ocorreu a 6 de agosto. Apesar do sucesso inicial, a missão gerou logo polémica, uma vez que dela resultaram mais de 300 fragmentos de lixo espacial devido à quebra da segunda fase do foguetão.
Num estudo publicado recentemente no arXiv, os astrónomos analisaram as primeiras observações terrestres dos satélites e confirmaram que os satélites exibem um brilho muito maior do que o recomendado.
O que preocupa, agora, a comunidade científica é que futuros lançamentos possam incluir satélites ainda mais brilhantes, se instalados em órbitas mais baixas – agravando os problemas de interferência com as observações astronómicas.
Os investigadores do estudo sugerem a implementação de espelhos incorporados para reduzir a refletividade dos satélites – uma medida já adotada pela SpaceX com os satélites Starlink de segunda geração que começaram a ser lançados no ano passado.
Além de poluírem e ofuscarem o céu noturno, os satélites de comunicações podem também perturbar a radioastronomia ao libertarem radiação para o espaço.
Por fim, as magaconstelações de satélites têm também sido criticadas por aumentarem a probabilidade de colisões de naves espaciais na órbita terrestre baixa, gerando lixo espacial.