O dia mais mortífero da história da humanidade foi uma fatídica quinta feira em janeiro de 1556

The China Project

Terramoto de Shaanxi, 23 de janeiro de 1556

A 23 de janeiro de 1556, uma catástrofe natural de enormes proporções causou num só dia mais mortes do que as bombas atómicas lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki.

Demos notícia há uns anos aqui no ZAP de que os cientistas tinham determinado qual tinha sido o pior ano da história da Humanidade: 536 d.C.

Mas o pior dia de sempre foi mais de 1000 anos depois: 23 de janeiro de 1556.

De acordo com os relatos existentes, esta data fatídica testemunhou o fim de mais vidas humanas do que qualquer outro dia na história, tendo a grande maioria destas mortes ocorrido na província de Shaanxi, no noroeste da China.

O culpado, recorda o IFLS, foi um enorme terramoto causado pelo deslizamento das falhas de Weinan e Huashan.

Segundo o The China Project, a catástrofe foi na altura relatada por Qín Kědà , um académico recém-licenciado que vivia perto da cidade de Xi’an, que estava a dormir profundamente, a sonhar, quando foi violentamente sacudido pelo tremor de terra.

“Dei uma cambalhota e caí ao chão, perto da minha cama”, escreveu Qín Kědà. “Ouvi os utensílios da cozinha a mexerem-se e as telhas a fazerem barulho. Parecia o galope de dez mil cavalos e pensei que talvez fosse obra de demónios. Então, percebi de repente que era um terramoto”.

Não se tratou apenas de um terramoto, mas de uma enorme deslocação sísmica centrada na província de Shaanxi, que poderá ter sido o terramoto mais mortífero alguma vez registado.

Ninguém sabe o número exato de mortos ou quantas pessoas morreram no dia da catástrofe, mas estima-se que o devastador terramoto, com epicentro próximo da cidade de Huaxian, tenha custado a vida a 830.000 pessoas.

De acordo com alguns registos, cerca de um terço das vítimas morreu devido à queda de edifícios, ao desmoronamento de cavernas e a deslizamentos de terras no rescaldo imediato do terramoto, tendo as restantes sucumbido a doenças e à fome nas semanas que se seguiram.

Com uma magnitude entre 8 e 8.3, o infame terramoto de Shaanxi esteve longe de ser o terramoto mais forte que a nossa espécie teve de suportar, mas está no topo da lista das catástrofes mais mortíferas deste tipo na história da humanidade.

O segundo terramoto mais mortífero ocorreu em 1976, também na China, e custou  a vida a cerca de 655.000 pessoas.

No entanto, tendo em conta que a população mundial em 1556 era ainda inferior a 500 milhões de pessoas, o número de mortos em Shaanxi representa quase de certeza a maior perda relativa de vidas humanas num único dia.

É bem possível que também detenha o recorde do maior número absoluto de mortes, embora seja difícil dizer com certeza em que data se registou maior perda de vidas.

Atualmente, com mais de 8 mil milhões de pessoas no planeta, uma média de cerca de 170.000 pessoas chega ao fim da sua vida todos os dias.

Para referência, estima-se que o dia mais mortífero de uma guerra ocorreu na noite de 9 para 10 de março de 1945, quando um bombardeamento dos EUA, denominado Operação Meetinghouse, matou 100.000 pessoas em Tóquio.

Em comparação, as bombas atómicas lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki, em agosto desse ano, terão ceifado cerca de 66 000 e 39 000 vidas, respetivamente.

Por outro lado, as cheias do rio Yangtze-Huai de 1931 são frequentemente citadas como a maior catástrofe natural da história.

Tal como acontece com muitos acontecimentos desta natureza, o número total exato de mortos é extremamente difícil de determinar, mas algumas estimativas sugerem que mais de 2 milhões de pessoas possam ter morrido na China central e oriental durante um período de quatro meses.

Mas, quase meio milénio depois do terramoto de Shaanxi, o mundo ainda não assistiu a outro dia tão mortífero como aquela miserável quinta-feira de janeiro.

ZAP //

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