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Pausas para usar telemóvel nas aulas melhoram notas (e reduzem uso do telemóvel)

CC0 / Pixabay

O uso do telemóvel na sala de aula é um tema controverso, mas um novo estudo aponta algumas virtudes da sua utilização – desde que decorra durante períodos muito curtos.

Os intervalos de um minuto para uso do telemóvel durante as aulas podem ajudar os estudantes a sentirem-se mais focados e a melhorarem os resultados nos testes. Esta é a conclusão de uma investigação feita nos EUA com alunos universitários.

A pesquisa foi realizada ao longo de um semestre com o objectivo de avaliar os efeitos do uso de telemóveis durante breves períodos de tempo nas aulas, nomeadamente no desempenho escolar, mas também no tempo de utilização dos dispositivos.

Assim, investigadores da Universidade Southern Illinois avaliaram a eficácia das chamadas “pausas de telemóvel”, ou “intervalos de tecnologia”, no rendimento escolar. Estas pausas tinham uma duração de entre um a quatro minutos.

Os autores do estudo também introduziram pausas em que os alunos não podiam usar os telemóveis e eram confrontados com perguntas, como forma de compararem os resultados.

Em ambos os tipos de intervalos, estes eram realizados 15 minutos após o início das aulas.

“Pausas para telemóvel” reduzir o seu uso nas aulas

As conclusões da pesquisa indicam que “as pausas de tecnologia podem ser úteis para reduzir o uso de telemóveis nas salas de aula das faculdades”, conforme explica o professor Ryan Redner, o principal autor do estudo publicado no jornal científico Frontiers in Education, em declarações divulgadas na plataforma científica Phys.org.

Na investigação, constatou-se que quando os alunos fizeram estes “intervalos de tecnologia”, usaram menos os seus telemóveis nas aulas em comparação com as sessões em que tiveram intervalos de perguntas.

Intervalos de um minuto são “os mais eficientes”

Esperava-se que pausas de maior duração levassem a uma menor utilização dos telemóveis na aula, mas registou-se precisamente o contrário.

Quanto menor foi a duração das “pausas de telemóvel”, mais eficiente foi a redução do tempo de uso do aparelho.

“Durante os intervalos tecnológicos que duravam apenas um minuto, a utilização do telefone era mínima, tornando-os mais eficientes na redução do tempo que os alunos passavam ao telefone durante as aulas”, explicam os autores da pesquisa.

“Os intervalos tecnológicos de um minuto produziram os níveis mais baixos de utilização do telemóvel” e são “os mais eficientes para produzir mudanças de comportamento”, apontam os investigadores. Além disso, exigem “muito pouco tempo da aula”, notam.

Os investigadores referem que não há uma explicação para este fenómeno, mas sublinham o facto de a experiência ter sido realizada com um reforço positivo, sem proibições ou outras punições envolvidas.

Redner salienta que um minuto apenas ao telemóvel pode ser “suficiente para ler e enviar um número menor de mensagens“. “Se tiverem mais tempo para enviar muitas mensagens, é mais provável que recebam mensagens e respondam novamente durante a aula”, explica o professor.

Alunos menos distraídos e com melhor desempenho

As sessões com “pausas de telemóvel” de um minuto também melhoraram o desempenho dos alunos nos testes, registando-se pontuações acima de 80% de forma mais consistente, conforme se salienta no estudo.

“A nossa esperança é que isto signifique que os alunos fiquem menos distraídos durante as aulas, o que leva a um melhor desempenho”, destaca ainda Redner.

Os investigadores notam, contudo, que é difícil tirar conclusões definitivas devido ao “elevado nível de variabilidade” verificado durante a pesquisa, o que torna os resultados “difíceis de interpretar”.

São, portanto, necessários mais estudos sobre o assunto. Mas os autores admitem também que “as interrupções tecnológicas são uma forma promissora de utilizar estratégias baseadas no reforço para reduzir a utilização de telemóveis na sala de aula”.

Susana Valente, ZAP //

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