Um relatório do Serviço Geológico dos Estados Unidos afirma que existe hidrogénio natural suficiente no subsolo para satisfazer a procura prevista durante centenas de anos. A corrida ao hidrogénio dourado está a chegar.
Segundo Geoffrey Ellis, responsável do USGS – Serviço Geológico dos EUA, existem até 5,5 biliões de toneladas de hidrogénio em depósitos subterrâneos em todo o mundo.
Este valor seria suficiente para satisfazer durante séculos as necessidades da nossa civilização.
O hidrogénio é uma das grandes promessas para aliviar a crise energética e ajudar-nos a reduzir as emissões de gases com efeito de estufa, mas a sua produção artificial gera emissões nocivas para o nosso planeta.
Nos últimos anos, porém, os geólogos têm vindo a encontrar reservas naturais de hidrogénio em todo o mundo. Ainda este mês, descobriu-se que a mina de cromite de Bulqizë, na Albânia, pode produzir mais de 200 toneladas de hidrogénio por ano.
Explorar o hidrogénio que se encontra naturalmente no nosso planeta, conhecido como hidrogénio geológico ou hidrogénio dourado, pode ser a forma mais limpa e barata de o obter. Por isso, diz Ellis, “a corrida ao hidrogénio dourado está a chegar”.
Hidrogénio durante séculos
Ellis está a trabalhar há algum tempo num estudo, ainda por publicar, no qual revela os seus resultados surpreendentes, embora avise que o acesso a este gás precioso pode não ser fácil.
“É provável que a maior parte do hidrogénio seja inacessível”, disse Ellis ao Financial Times. “Mas uma pequena percentagem de recuperação permitiria satisfazer toda a procura prevista — 500 milhões de toneladas por ano — durante centenas de anos.
Os depósitos de hidrogénio, explica Ellis, são extraordinários e podem ter sido gerados pela interação de certos minerais ricos em ferro com as águas subterrâneas.
Em alguns casos, pode não estar na sua forma pura e estar misturado com outros gases, como o metano, do qual teria de ser separado. No entanto, a sua extração liberta metano para a atmosfera.
O metano, gás com efeito de estufa, é 85 vezes mais potente do que o CO₂ num período de 20 anos. Mesmo assim, o cientista afirma que se pode argumentar que tem potencial para ser significativamente mais amigo do ambiente.
As cores do hidrogénio
O hidrogénio é um dos combustíveis mais interessantes disponíveis para combater as emissões de CO₂, realça o El Confidencial.
Pode ser utilizado para alimentar os aviões, comboios e automóveis do futuro, mas nem todas as formas de extração de hidrogénio são igualmente limpas e económicas, razão pela qual é importante prestar atenção ao nome que ostentam.
Entre os tipos de hidrogénio produzidos, o mais comum é o hidrogénio cinzento, que é extraído com gás natural e, segundo os investigadores, é o que emite mais CO₂. O hidrogénio castanho é extraído com lenhite, um carvão castanho, enquanto o hidrogénio preto é extraído com hulha, um carvão mais escuro.
Tanto o hidrogénio castanho como o preto emitem quantidades significativas de CO₂ no seu processo de produção.
Existe também o famoso hidrogénio azul, um dos mais frequentemente apontados como uma solução na luta para encontrar combustíveis sustentáveis.
Este tipo de hidrogénio é extraído utilizando os mesmos métodos que os anteriores, mas neste caso o CO₂ é capturado e armazenado no subsolo. Embora o armazenamento de CO₂ tenha um custo, o preço final é relativamente barato.
Para além do hidrogénio geológico, o outro hidrogénio que não gera emissões na sua produção é o hidrogénio verde.
Para produzir o hidrogénio verde , são utilizadas energias renováveis que não geram quaisquer emissões prejudiciais ao ambiente. Atualmente, existem muitos métodos para o obter, utilizando electrolisadores de nova geração que são mais baratos e mais eficientes.
As empresas só há pouco tempo começaram a procurar o hidrogénio dourado, mas, segundo o Financial Times, as oportunidades são imensas — e já estão a atrair investimentos significativos.