Morreu “Zé Grande”, peça chave no caso BES que deu prenda milionária ao “amigo” Salgado

José Sena Goulão / Lusa

Empresário da construção civil José Guilherme morreu esta noite. Ficou mais conhecido pela prenda que terá oferecido ao ex-líder do Banco Espírito Santo, no valor de 14 milhões de euros.

O construtor José Guilherme, mais conhecido pelo seu papel no processo do Banco Espírito Santo (BES), morreu durante a noite desta quinta-feira, revela uma fonte próxima ao Jornal Económico.

Raramente aparecia em público, mas o empresário da construção civil ficou conhecido por todos pela “prenda milionária” que terá oferecido ao ex-líder do banco, Ricardo Salgado, no valor de 14 milhões de euros, depois de ter sido descoberta a transferência para uma conta offshore do bancário na Suíça.

Em tribunal, Salgado tentou justificar a quantia choruda que recebeu do “amigo”, classificando a transferência como uma “liberalidade” em troca pelos conselhos que tinha dado a Guilherme para investimentos imobiliários em Angola, onde o construtor fez empreendimento Torres Oceano, o condomínio Dolce Vita e o complexo Clássicos de Talatona — onde estão localizados alguns ministérios do Estado angolano.

O empreiteiro pôs o Novobanco em tribunal em 2022 para renegociar uma acordo de reestruturação de dívida de 94 milhões de euros perante a recusa do banco. Se era um dos principais clientes do BES, era também um dos principais devedores do Novobanco, de acordo com uma auditoria da EY. Terá chegado a admitir que devia “cerca de 121 milhões de euros” ao banco, quando o BES foi alvo de uma medida de resolução pelo Banco de Portugal, em 2014.

“Zé Grande”, como era conhecido no meio da construção, era suspeito de pagar alegadas comissões de 2,25 milhões de euros aos banqueiros António Tomás Correia e Ricardo Salgado, e disse que perdeu 25 milhões de euros com a resolução do BES pelo Banco de Portugal.

O julgamento do caso BES/GES deve arrancar no dia 15 de outubro.