O líder socialista está a ser questionado internamente, com alguns dirigentes a apontar a sua decisão precipitada de dar a entender que não vai viabilizar o Orçamento da AD.
Eleito há pouco mais de seis meses, Pedro Nuno Santos está a ser questionado internamente, com alguns socialistas a mostrarem-se preocupados com o rumo que a sua liderança está a tomar.
Uma das principais críticas dos socialistas ao líder do partido reside na declaração, logo após as legislativas, de que seria “praticamente impossível” aprovar o Orçamento do Estado para 2025.
Esta postura peremptória ainda antes de o documento ser conhecido foi vista como precipitada e um sinal de “imaturidade política” por figuras como Augusto Santos Silva e Luísa Salgueiro — especialmente dada a proximidade das autárquicas de 2025, com os municípios a querer evitar a todo o custo ter de ficar a governar em duodécimos, escreve o Público.
Outro ponto de discórdia é a forma fechada como Pedro Nuno Santos dirige o partido, partilhando ideias apenas com um círculo restrito. Um exemplo dessa abordagem foi o secretismo na escolha de Marta Temido como cabeça de lista às eleições europeias.
A ideologia mais à esquerda de Pedro Nuno Santos relativamente ao líder anterior, António Costa, também é motivo para preocupação. A ruptura com o legado de Costa é evidente em duas ocasiões: a aceitação de uma lista conjunta com o Chega para o Conselho de Estado e a apresentação de iniciativas legislativas que reduzem a receita do Estado, como o fim das portagens nas ex-Scut.
A postura de Pedro Nuno Santos em relação à história do PS também levanta questões. Momentos vistos como desrespeitosos incluem o seu discurso na comemoração dos 50 anos do 25 de Abril, onde não mencionou Mário Soares, e a sua recusa em aplaudir de pé o discurso de Francisco Assis no debate sobre a celebração do 25 de Novembro, onde o deputado inclusive citou um livro de Soares.
“Ele não se identifica com a história do PS e há uma diferença estrutural entre o seu pensamento e a tradição do PS”, avança um dirigente socialista ao Público. “O PS não pode esquecer Mário Soares, António Guterres e António Costa”, aponta outro dirigente do PS.
O Ps está um completo deserto. Sintoma disso é ter um líder sem arcaboiço, armado em líder. Um sujeito que arrasta consigo a mancha imensa de um episódio fatal de amnésia e uma sinistra fuga governativa por manifesta incompetência.