Eleições em França: situação inédita ou gatilho para a III Guerra Mundial?

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BootEXE / Wikipedia

O líder do Rassemblement National (RN), Jordan Bardella

Urnas estão abertas para definir o próximo primeiro-ministro. União Nacional venceu na primeira volta, mas reina a indefinição.

As assembleias de voto da França continental abriram neste domingo às 8h locais para a segunda e última volta das eleições legislativas.

A União Nacional (RN), de extrema-direita, pretende obter uma difícil maioria absoluta.

Na primeira volta, a 30 de junho, a União Nacional conseguiu vencer pela primeira vez as eleições legislativas. Obteve 33,10% dos votos, seguido da aliança de esquerda Nova Frente Popular com 28%, a lista presidencial Juntos (Ensemble, em francês], que obteve 20%, enquanto a direita e os Republicanos se ficaram pelos 6,7%.

O Presidente Emmanuel Macron anunciou a primeira volta eleitoral, que decorreu há uma semana, quando as assembleias de voto ainda mal tinham encerrado no dia das eleições europeias, em 9 de junho.

Nas europeias, a RN venceu com mais de 30% dos votos, o que, segundo Macron, justificava novas eleições legislativas, que, teoricamente, só deveriam realizar-se em 2027.

As previsões para este domingo antecipam uma grande afluência às urnas, que poderá acabar por repetir os 66,7% da primeira volta, uma afluência que não se registava desde 1997.

Às 12h, a taxa de participação situava-se nos 26,63%, acima dos 25,9% registados à mesma hora na primeira volta, anunciou o Ministério do Interior. Este valor é o mais elevado para umas eleições legislativas desde 1981 (28,3%), quando a esquerda chegou ao poder.

Nestas eleições estão em causa os 577 lugares da Assembleia Nacional (parlamento).

Maioria difícil

Segundo uma sondagem divulgada na quarta-feira pelo instituto Toluna Harris Interactive, a União Nacional poderá conseguir entre 190 e 220 lugares, insuficientes para alcançar a maioria absoluta (289 lugares), o que pode colocar em causa que o líder do partido, Jordan Bardella, se torne primeiro-ministro.

Já a coligação de esquerda, Nova Frente Popular, poderá obter entre 159 a 183 lugares e a coligação presidencial Juntos (Ensemble, em francês) conseguirá obter 110 a 135 lugares.

A União Nacional chegou a ter a maioria absoluta à vista – pedido da própria Marine Le Pen – mas o acordo entre Nova Frente Popular e Juntos, para juntar forças para evitar a vitória da União Nacional, mudou as previsões.

Em caso de não existir uma maioria clara e não houver acordos entre os partidos para uma coligação governamental, pode verificar-se um impasse, uma situação inédita em França.

Gatilho para guerra

No entanto, caso Bardella consiga mesmo a maioria absoluta (a indefinição reina), esse triunfo será “explosivo para a política francesa e para a política europeia, obviamente”.

Victor Warhem, analista da Rede de Centros de Políticas Europeias, avisou na CNN que parte da ajuda à Ucrânia deverá ser bloqueada, que poderá vir do Governo francês uma postura a favor da Rússia e que pode surgir um distanciamento dos aliados na NATO.

Juntando à provável vitória de Donald Trump nas eleições nos EUA, será uma dupla e “enorme” vitória para Vladimir Putin, com potenciais novos ataques russos.

E, com este possível suporte proveniente de França, os EUA podem afastar-se do continente europeu: “Os EUA deixarão de ter os recursos para proteger a Europa e isso pode ser o gatilho para a III Guerra Mundial, caso a Rússia decida atacar o flanco europeu de Leste”.

As urnas estarão abertas até às 18h nas vilas e cidades pequenas ou até às 20h nas principais cidades do país, altura em que serão conhecidos os primeiros resultados.

ZAP // Lusa

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9 Comments

  1. “Os EUA deixarão de ter os recursos para proteger a Europa e isso pode ser o gatilho para a III Guerra Mundial, caso a Rússia decida atacar o flanco europeu de Leste”

    O disparate é livre mas há disparates que vão longe demais. Porque razão é que a Rússia quereria atacar o “flanco europeu de Leste”?… A Rússia estava muito socegada no seu cantinho até a NATO ter irrompido para Leste. Se há ameaça é da NATO, e não da Rússia.

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  2. Infelizmente há pessoas muito limitadas que não conseguem realizar uma pequena pesquisa e pensar por si próprias. E depois só dizem disparates e espalham desinformação por todas as redes sociais baseados no que vêem e ouvem nos media.
    Enfim, a doutrinação que começou há décadas já começou a fazer estragos gravíssimos.

  3. Nuno Cardoso da Silva, então dizes que a Rússia estava muito socegada no seu cantinho? E estava a fazer o quê, a atirar os que são contra o Kremlin dum quinto andar e a envenenar outros? E então os Ucranianos resolveram fazer uma “acção especial” em território Russo? Vê se tomas os comprimidos ou deixa a bebida!

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  4. Nuno Cardoso, a Nato e os EUA a única função é um poder vender artilharia e o outro poder comprar com a ajuda dos Europeus.
    Os EUA onde não houver guerra eles procuram, e nos Países que existe Petróleo invadem para saquear como se diz o Ouro Negro .

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  5. Claramente que não sabem como é que funciona o negócio da NATO. A partir do momento que um país entra na NATO, tem de usar os fornecedores que a NATO exige, no que toca a militarização. Depois acontecem situações como nos EUA, em que um saco de buchas encomendado para o exército custou 80 mil dólares. A NATO é mais uma máquina de lavar dinheiro, e vejam os negócios que ganharam nos últimos anos com a expansão para Leste. Para além do dinheiro envolvido, foi sempre uma provocação à Rússia. A 3ª GM começou com o golpe de estado na Ucrânia em 2014, quando o Oeste instalou um governo pró-Europa.
    É claro que não podem estar à espera que os meios comunicação social tradicionais falem contra quem lhes paga.

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