Morreu Fausto, o músico que cantou Portugal

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José Sena Goulão / Lusa

Fausto durante atuação no Campo Pequeno, em 2009

O músico, cantor e compositor Fausto Borlado Dias morreu esta segunda-feira, em Lisboa, vítima de doença prolongada. Um dos nomes maiores da música portuguesa. Tinha 75 anos.

“Se agora vou de partida, Levo-te comigo, ó cana verde”. Partiu Fausto.

“Fausto Bordalo Dias morreu esta noite, em sua casa, vítima de doença prolongada”, informou o agente do músico, à Lusa.

Carlos Fausto Bordalo Gomes Dias nasceu em pleno Oceano Atlântico, a 26 de novembro de 1948, a bordo do “navio Pátria”, que viajava para Angola, onde viveu a infância e a adolescência.

Foi em Angola que Fausto começou a interessar-se por música, assimilando os ritmos africanos que conjugaria com ritmos e modos da tradição popular portuguesa.

O seu primeiro grupo, porém, integrava-se no movimento pop dos anos 60 e tinha por nome Os Rebeldes.

Fixou-se em Lisboa em 1968, quando entrou no antigo Instituto Superior de Ciências Sociais e Política Ultramarina, atual ISCSP – Universidade de Lisboa, para se licenciar em Ciências Sócio-Políticas.

A adesão ao movimento associativo aproxima-o de grandes compositores portugueses como José Afonso, Adriano Correia de Oliveira, Manuel Freire e, mais tarde, de José Mário Branco e Luís Cília, que já viviam no exílio.

É nessa época que grava “Chora, amigo chora”, que em 1969 lhe deu o Prémio Revelação do antigo programa de rádio Página Um, transmitido pela Rádio Renascença.

“Pró que Der e Vier” (1974) e “Beco sem Saída” (1975) contam-se os seus dois trabalhos iniciais marcados pela experiência revolucionária.

A esses seguiram-se “Madrugada dos Trapeiros” (1977), que inclui a canção “Rosalinda”, “Histórias de Viajeiros” (1979).

Fausto cantou Portugal

O seu grande sucesso, inspirado na obra “Peregrinação”, de Fernão Mendes Pinto, foi “Por Este Rio Acima” (1982).

Com “Para Além das Cordilheiras” (1989), Fausto venceu o Prémio José Afonso.

“O Despertar dos Alquimistas”, “A Preto e Branco”, “Crónicas da Terra Ardente” são outros dos seus álbuns.

A 8 de julho de 1997, em Belém, precisamente 500 anos depois da partida de Vasco da Gama para a Índia (1497), Fausto de um concerto marcante para celebrar a data e a história de Portugal.

Em 2003 compôs “A Ópera Mágica do Cantor Maldito” (2003), uma perspetiva sobre a história portuguesa pós-25 de Abril.

Em 2009, juntamente com José Mário Branco e Sérgio Godinho, Fausto fez o espetáculo “Três Cantos”, sobre o repertório dos três músicos, dando posteriormente origem a um álbum com o mesmo nome.

“Com Fausto, é toda uma viagem pelo universo dos sons, da memória coletiva, do sentir mais profundo que nos une enquanto comunidades”, lê-se na página dedicada ao músico. Fausto cantou Portugal.

ZAP // Lusa

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6 Comments

  1. Pena que não tenham (ou teriam?) apontado a latitude e a longitude do local em que nasceu. Sem isso, é impossível calcular o horóscopo de Fausto.

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