Através da reconstrução do genoma, uma equipa de cientistas revelou um parasitas de peixes, até então “invisível”.
Uma equipa de cientistas identificou um parasita que está presente em peixes de todo o mundo e que pertence aos apicomplexos, um dos grupos de parasitas mais importantes a nível clínico.
O parasita está geograficamente disseminado em espécies de peixes de todo o planeta, com implicações para a pesca comercial e para as redes alimentares oceânicas.
Num novo estudo, publicado o mês passado na Current Biology, os investigadores utilizaram um método inovador para reconstruir parte do genoma do parasita a partir de dados de sequenciação obtidos do seu hospedeiro, e poder detetar a sua presença noutros peixes utilizando “códigos de barras” genéticos.
Segundo o Phys.org, os dados genómicos revelaram que este parasita pertence a um grupo de organismos até agora não caracterizados e que foram designados por ictiolídeos.
“Embora tenha sido previamente identificado através de microscopia, não tínhamos conseguido separar o sinal genómico do peixe hospedeiro e do parasita. Pela primeira vez, conseguimos identificá-los através do seu ADN e colocá-los dentro do conhecido grupo de parasitas apicomplexos“, diz o líder do estudo, Javier del Campo em comunicado.
O estudo, além de permitir a descrição de um grupo novo de apicomplexos, a reconstrução do genoma permitiu aos investigadores identificar genes que podem ser utilizados para detetar a presença deste organismo noutras amostras genómicas ou de microbioma .
A equipa de cientistas comparou o ADN destes apicomplexos com dados dos microbiomas de centenas de espécies marinhas e de água doce. Os resultados mostraram que estes parasitas aparecem associados à maioria das espécies de peixes analisadas e estão presentes em todos os oceanos.
“Estudos futuros poderão ajudar-nos a compreender melhor o impacto de parasitas tão prevalentes como os ictiocolídeos nos ecossistemas marinhos”, afirma del Campo.
A descoberta de ictiolídeos apresenta um novo e mais aprofundado contexto a esta evolução.
“O estudo dos ictiocolídeos não só revela mais sobre a evolução dos principais parasitas, mas também sobre outras características básicas dos apicomplexídeos”, explica o primeiro autor do estudo, Anthony Bonacolta.
“Podem utilizar mecanismos de infeção semelhantes (uma vez que também são um parasita do sangue) ou ter uma biologia parecida que pode esclarecer a compreensão de outros apicomplexos.”, conclui.