Campeonato da Europa arranca esta sexta-feira com baixas sonantes. Lesões, castigos, zangas com selecionadores e até quedas de triciclo — com um ex-Benfica ao barulho — são todos motivos para não ir à Alemanha.
Primeira adversária de Portugal no Euro 2024, a Chéquia avisou os seus jogadores: “estão proibidos de fazer desportos radicais, como parapente, asa delta ou bicicleta downhill”, de modo a evitar lesões inesperadas.
O que a equipa técnica da seleção que defronta Portugal no próximo dia 18 nunca pensou foi que um triciclo, destinado a crianças, fosse provocar uma baixa no plantel.
O impensável acabou por acontecer ao médio Michal Sadílek no passado domingo, num acidente que envolveu um jogador dos quadros do SL Benfica, David Jurásek.
Sadílek, de 25 anos e a atuar no Twente, teve de levar 40 pontos externos e 25 internos e ficou de fora do Euro 2024. Mas o checo está longe de ser o único a desfalcar o seu país.
Lesionados, castigados ou fora dos planos
Portugal
Otávio e Raphael Guerreiro são as únicas baixas de Portugal por lesão.
De saída do Benfica, Rafa Silva estaria nos planos de Roberto Martínez, mas não quis voltar à concentração lusa ao pôr um ponto final, em 2022, à carreira na Seleção Nacional.
Os sportinguistas Pedro Gonçalves e Trincão ficaram de fora por opção do selecionador espanhol, muito contestada pelos adeptos leoninos.
Portugal até está bem neste aspeto: algumas das seleções favoritas que ameaçam as hipóteses das cinco quinas reconquistarem o título têm baixas mais impactantes.
Mas “não há espiga”: se algum Navegador se lesionar, as regras da UEFA estipulam que as equipas têm até ao primeiro jogo para fazer quaisquer alterações à convocatória por lesão.
Além da única baixa da Chéquia após o incidente com o triciclo em estágio, a segunda adversária de Portugal, Turquia, não vai poder contar com o seu melhor defesa-central, Çaglar Söyüncü, nem com o médio Ozan Kabak ou com o avançado Enes Ünal.
A estreante Geórgia não tem ninguém no boletim médico por enquanto.
Países Baixos
Uma das seleções mais azaradas é a dos Países Baixos. Na linha defensiva, os defesas-centrais Sven Botman e o gunner Jurriën Timber não estarão presentes devido a lesão e o meio-campo está desfalcado dada a ausência do culé Frenkie De Jong, nem com os craques da Atalanta Teun Koopmeiners e Marten de Roon.
Ian Maatsen, que fez uma época mais do que satisfatória com o Dortmund, e Joshua Zirkzee, que apontou, pelo Bolonha, 11 golos na Serie A, ficaram de fora por opção de Ronald Koeman. No entanto, este último acabou por ser chamado para substituir Brian Brobbey, dispensado esta quarta-feira por problemas no tendão.
Itália
A campeã em título Itália também tem várias baixas médicas.
Francesco Acerbi, Giorgio Scalvini e Destiny Udogie desfalcam a defesa gli azzurri; Nicolo Zaniolo e Domenico Berardi também estão lesionados e ficam em casa. São os únicos lesionados que estariam nos planos, mas não são as únicas baixas.
No meio campo vão ainda faltar Sandro Tonali, suspenso devido a um caso ligado a apostas ilegais. O médio da Vecchia Signora provavelmente seria titular no meio campo italiano, tal como Marco Verratti, uma das figuras da seleção campeã de 2020, que optou por não ir.
Manuel Locatelli, também muito utilizado no último Euro, não foi escolhido por Luciano Spalletti.
Inglaterra
O defesa do United Harry Maguire é a grande baixa dos ingleses, que veem o lateral-esquerdo Luke Shaw ainda em dúvida (mas a treinar com os colegas).
Tyrone Mings seria opção para render o tão criticado defesa-central, se não constasse também ele no boletim médico. Além disso, o defesa Ben White também não vai, este por opção pessoal.
Na verdade vamos ver uma seleção inglesa totalmente refrescada: oito jogadores de peso (Jack Grealish, Marcus Rashford, Jadon Sancho, Jordan Henderson, Raheem Sterling, James Maddison, Reece James) não vão por opção de Gareth Southgate.
França
Castigado por uma dura suspensão por doping, Paul Pogba é a grande baixa francesa. Está fora das quatro linhas até 2027, e um dos seus eventuais substitutos no meio-campo, Aurelien Tchouameni, talvez não esteja disponível no arranque do Euro, depois de também ter falhado a final da Liga dos Campeões.
Christopher Nkuku, Lucas Hernandez e Boubacar Kamara desfalcam os gauleses por lesão e o guarda-redes Mike Maignan está também em dúvida na seleção de Deschamps, composta por apenas 25 jogadores.
Bélgica
A seleção belga só tem uma baixa — mas das grandes.
Depois de vencer quase tudo com o Real Madrid e de protagonizar uma campanha sem golos sofridos na Liga dos Campeões, Thibaut Courtois assistirá a tudo a partir do sofá, após um ano marcado por desavenças com o selecionador Domenico Tedesco.
Alemanha
Lesionado, o habitual Serge Gnabry não vai correr a linha pela Alemanha. Timo Werner também é baixa de peso na frente de ataque.
O jovem promessa Aleksandar Pavlovic também é baixa nos anfitriões, devido a uma amigdalite de última hora. Emre Can deve regressar à concentração dos anfitriões, que farão a sua primeira campanha europeia sem Joachim Low no comando desde 2006.
Mas a ausência mais chocante foi a do veterano Mats Hummels, líder na seleção baviera e que este ano chegou à final da Liga dos Campeões com o Borussia Dortmund. “Foi mais por causa da idade”, disse o defesa-central, que não foi chamado por Nagelsmann.
Espanha
A grande ausência na superequipa espanhola é o adolescente Gavi, do Barcelona, mas Alejandro Balde, Yéremy Pino e até mesmo o ex-Real Madrid Isco, que fez a sua época de sonho ao serviço do Bétis, também são nomes que podiam estar na lista caso não estivessem indisponíveis.
Polónia, Escócia e Áustria com estrelas em risco
A Polónia pode estar em apuros: já sem contar com o ponta-de-lança Arkadiusz Milik, a estrela incontornável das orły Robert Lewandowski está em risco: vai falhar a estreia frente aos Países Baixos, no arranque do grupo D.
“Estamos a fazer de tudo para que o Robert possa jogar o segundo jogo, contra a Áustria”, disse Jacek Jaroszewski, médico da seleção polaca, citado pela federação.
A estrela do Liverpool Andy Robertson assustou com lesão, mas já estará apto para liderar a Escócia.
Caso estranho é o de David Alaba, um dos maiores jogadores da Áustria de todos os tempos. Lesionado, não vai jogar, mas é tão bom que… foi chamado na mesma e tem lugar privilegiado para assistir à competição no banco austríaco.
Também faz falta quem não está
São também vários os craques que não vamos ter o prazer de ver disputar o título pelo simples facto de o seu país não se ter apurado. Nomeadamente, dois pontas de lança que muito mereciam ir passar o mês à Alemanha.
Depois de uma época de sonho, o leão Viktor Gyokeres não vai poder encantar-nos com os seus tentos na Alemanha, num campeonato europeu em que o seu modelo (Erling Haaland) e um dos seus ídolos (Zlatan Ibrahimovic) também não vão estar.
Alexander Isak, Anthony Elanga e Dejan Kulusevski iriam certamente tornar ainda mais interessante a frente de ataque sueca.
Na formação azul e amarela estaria o ex-Benfica Victor Lindelof. Odysseas Vlachodimos e Fredrik Aursnes são outros dois nomes bem conhecidos pelos benfiquistas que, dada a ausência da Grécia, Suécia e Noruega, não vão jogar o Europeu de futebol.
Martin Odegaard, jovem capitão do Arsenal, é outro nome sonante que vai estar de férias durante as quatro próximas semanas.
Os veteranos Edin Dzeko e Miralem Pjanic (Bósnia), Stevan Jovetic e Stefan Savic (Macedónia), Teemu Pukki (Finlândia) e Aaron Ramsey (País de Gales) podem ter perdido a última oportunidade de pisar o palco europeu antes de pendurarem as botas.
Fredrik Aursnes não iria jogar seja como for. Ele renunciou à selecção.