Palestinianos estão a ser sodomizados e torturados em campo israelita

2

Alaa Badarneh / EPA

Campo de refugiados na Faixa de Gaza bombardeado por Israel

Palestinianos que estiveram detidos em Sde Teiman revelam que foram espancados e até sodomizados durante os interrogatórios. Os detidos também ficam até 3 meses sem falar com um advogado ou ser ouvidos por um juiz.

Uma nova investigação do The New York Times (NYT) sobre a base militar israelita Sde Teiman está a revelar as condições de vida dos palestinianos de Gaza que começaram a ser detidos em massa no centro a partir de 7 de Outubro.

De acordo com os dados dos comandantes do centro, até ao final de Maio, cerca de 4000 palestinianos de Gaza tinham ficado detidos até três meses na base israelita. Os detidos não têm a possibilidade de se defenderem perante um juiz durante um período que pode chegar aos 75 dias e também lhes é negada a hipótese de contrararem um advogado durante 90 dias.

A localização dos prisioneiros não é partilhada com grupos de defesa de direitos humanos, o que pode ser considerado uma violação do direito internacional. Pelo menos 1200 detidos acabaram por ser libertados sem qualquer acusação, pedido de desculpas ou indemnização por parte do Governo israelita.

Oito ex-detidos ouvidos pelo NYT relatam ter sido espancados pelas autoridades israelitas e dois destes chegaram a ficar com as costelas partidas na sequência das agressões. Sete afirmam que foram forçados a usar apenas uma fralda enquanto eram interrogados e três foram torturados com choques elétricos.

Um soldado israelita anónimo revela ainda que já ouviu colegas a gabarem-se das agressões aos palestinianos detidos. Pelo menos 35 pessoas morreram no local ou depois de terem sido levados para hospitais próximos, de acordo com as autoridades que gerem Sde Teima.

Os responsáveis disseram que alguns deles tinham morrido devido a ferimentos ou doenças contraídas antes do seu encarceramento e negam que alguém tenha morrido na sequência das agressões. No entanto, a causa destas mortes ainda está a ser investigada por procuradores militares e pelo menos 12 soldados já foram demitidos, incluindo alguns por uso excessivo da força.

Sodomizados até à morte

No interior de Sde Teiman, os detidos ficam em grupos de centenas de pessoas, algemados em silêncio num tapete durante 18 horas por dia. As salas não têm paredes exteriores, o que os deixa expostos à chuva e ao frio.

Todos os detidos estão vendados, excepto um, conhecido pela palavra árabe “shawish”, que significa sargento. O shawish servia de intermediário entre os soldados e os prisioneiros, distribuindo comida e levando os restantes detidos a um bloco de casas de banho portáteis no canto.

Fadi Bakr, um estudante que foi capturado enquanto procurava farinha, relata que foi levado para uma sala separada conhecida entre os detidos como a “sala da disco”, onde eram obrigados a ouvir música extremamente alta e impedidos de dormir. Bakr fala em tortura e diz que era tão doloroso que começou a sangrar dos ouvidos.

As forças israelitas negam que a música esteja alta e afirmam que apenas a tocaram para impedir que os detidos falassem entre si antes dos interrogatórios. Bakr revela que foi depois levado para ser interrogado usando apenas um fralda e que foi espancado quando negou ter alguma associação com o Hamas.

Um outro detido ouvido pelo NYT, Younis al-Hamlawi, avança que uma responsável do campo ordenou que dois soldados o levantassem e pressionassem o seu reto contra uma vara de metal fixada no chão. Al-Hamlawi revela que ficou a sangrar e que sofreu “dores insuportáveis”.

O relato de Al-Hamlawi é corroborado pelo rascunho vazado de um relatório da A Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), que detalha uma entrevista com um ex-detido de 41 anos que disse que os interrogadores o “fizeram sentar em algo parecido com uma vara de metal quente e que parecia fogo”. O relatório revela ainda que pelo menos um detido morreu após ser sodomizado com um bastão elétrico.

Adriana Peixoto, ZAP //

Siga o ZAP no Whatsapp

2 Comments

  1. Nada diferente do que os Israelitas raptados pelo Hamas estao a viver em cativeiro, estes Palestinianos que se estao a lamentar sao os mesmos que apoiam PUBLICAMENTE as acoes do seu grupo terrorista, infelizmente, os Judeus que foram raptados, torturados e, em alguns casos, violados pelos Hamas, tambem nao tem direito a um advogado, e muito menos, serem entrevistados pela Imprensa.

    6
    4
  2. Não quero defender a guerra, mas porque é que acusam Israel, neste caso? Foi o Hamas que começou a matar gente neste país. É quase como os russos… atacaram a Ucrânia porque são estúpidos, e ainda se ofendem quando sofrem contra-ataques. É completamente aberrante, hoje em dia, toda esta falta de compreensão, e são assustadoras todas estas batalhas sem ponto lógico…
    BASTA!

    7
    4

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.