Astrónomos descobriram que o exoplaneta 55 Cancri desenvolveu uma segunda atmosfera, depois de a primeira ter sido destruída pela sua estrela.
Foi com a ajuda do Telescópio James Webb (JWST) que uma equipa de astrónomos descobriu que o planeta 55 Cancri, que se acredita ser composto de diamante, desenvolveu uma segunda atmosfera, depois de a sua estrela ter destruído a primeira.
Segundo o Space, este exoplaneta está localizado a cerca de 41 anos-luz do Sistema Solar, tem uma largura quase duas vezes maior do que a da Terra e uma massa cerca de nove vezes superior à do nosso planeta.
No conjunto de exoplanetas que os cientistas catalogaram ao longo dos anos, este mundo é classificado como uma “super-Terra”, o que significa que é mais massivo do que a Terra, mas muito mais leve do que planetas como Neptuno e Urano.
Por ser extremamente denso, os cientistas levantaram a hipótese de ser composto por carbono que terá sido comprimido em diamante.
Além disso, o exoplaneta existe a apenas 2,3 milhões de quilómetros da sua estrela, o equivalente a 0,01544 vezes a distância entre a Terra e o Sol. Esta proximidade significa que 55 Cancri orbita a sua estrela hospedeira uma vez a cada aproximadamente 17 horas terrestres e tem uma temperatura de superfície extremamente quente de cerca de 2.400ºC.
A radiação da estrela retirou assim 55 Cancri da sua atmosfera original, mas esta nova investigação indica que o planeta tem uma espessa camada de gases à sua volta. No fundo, conclui que terá “crescido” uma segunda atmosfera.
“Esta atmosfera é provavelmente sustentada pela libertação de gases do interior rochoso de 55 Cancri. Acreditamos que esta é a primeira medição de uma atmosfera secundária num exoplaneta rochoso”, salientou Renyu Hu, do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech).
O artigo científico, publicado na Nature, avança dois cenários possíveis para explicar o desenvolvimento da atmosfera de 55 Cancri.
Esta super-Terra poderia ser um mundo de lava sobre o qual existe uma atmosfera fina e vaporizada de silicato. Seria feito dos voláteis e compostos químicos do planeta – como carbono, nitrogénio, hidrogénio e enxofre –, que podem ser facilmente perdidos devido à irradiação da sua estrela.
Alternativamente, o planeta poderia ter uma espessa atmosfera secundária criada ao longo do tempo através do vulcanismo.
Para investigar ambos os cenários, os astrónomos analisaram as observações do Telescópio James Webb numa altura em que o planeta passou por trás da estrela, um evento denominado eclipse secundário.
Dados de dois eclipses secundários permitiram descartar a possibilidade de ser um mundo de lava praticamente nu, sem uma atmosfera substancial. A investigação não deixou margem para dúvidas: este exoplaneta está coberto de lava, pelo que é provável que essa natureza derretida tenha ajudado 55 Cancri a desenvolver a sua atmosfera secundária.