A PSP alerta que tem detectado, desde o início do ano, burlas relacionadas com investimentos que ocorrem, sobretudo, na rede social TikTok. É o esquema “pig butchering” que passa, basicamente, por engordar o porco para o matar.
“De um modo geral, esta burla consiste na criação de uma relação de confiança gradual com as vítimas, levando-as a realizar contribuições consideráveis (“investimentos”), muitas vezes sob a forma de criptomoeda”, explica a PSP em comunicado.
Este tipo de burla surgiu em 2020, associado a “burlas românticas e à manipulação da componente afectiva da vítima”, nota ainda a PSP.
Mas, actualmente, este tipo de crime evoluiu para o uso de plataformas de investimento ‘online’ falsas e para a utilização de técnicas sofisticadas, como o uso de criptomoeda nas transações, uma vez que dificulta o rastreio e recuperação do dinheiro investido”, acrescenta a força policial.
Estruturalmente, a burla assenta em três fases distintas: o ganho de confiança, a “engorda” e o abate/recolha do dinheiro.
Ganhar a confiança da vítima
Na fase do ganho de confiança, o burlão inicia uma conversa casual com a vítima, fingindo que recebeu os seus dados pessoais acidentalmente, ou através de um conhecido mútuo.
O objectivo do burlão é criar uma relação de confiança com a vítima e pode incluir a utilização de imagens de perfil atraentes para cativá-la.
“Os burlões, geralmente, entram em contacto com as vítimas através das redes sociais ou aplicações de namoro e também enviam mensagens de texto ‘acidentalmente’ para iniciar conversas com as vítimas”, nota o comunicado da PSP.
“De forma gradual, vão ganhando a confiança das vítimas antes de abordar o tema do investimento”, acrescenta a polícia.
“Como os burlões querem que as vítimas confiem neles, alguns prometem presentes extravagantes e viagens exorbitantes ao estrangeiro“, alerta a PSP.
Após ganhar essa confiança, “o burlão pode convencer a vítima a descarregar uma aplicação de investimento” e a “negociar com ela para demonstrar como funciona”.
A plataforma sugerida pelo burlão permitirá, inicialmente, pequenos ganhos. Mas, posteriormente, mediante pedidos de levantamento de dinheiro mais significativos, pode impor impostos ou taxas e informar a vítima de que a sua conta foi congelada até que estes sejam pagos, explica a PSP.
Mas os burlões também podem apresentar uma promessa de dividendos através da realização de tarefas simples, como visualizações de músicas no Youtube, ou avaliações em ‘sites’ de vendas.
Ao realizar estas tarefas, os lesados são convencidos a pagar um valor que, posteriormente, será devolvido, acrescido de recompensas.
Engordar o porco para o abate
Na fase da “engorda”, solicita-se o pagamento de valores mais avultados e a confiança é reforçada, com as vítimas a terem retorno imediato.
Depois, surge o momento do abate/recolha de dinheiro.
Após convencerem a vítima a fazer um grande investimento, os burlões ficam incontactáveis, eliminam a sua presença ‘online’ ou criam novas identidades, deixando os lesados sem forma de recuperar o dinheiro investido.
Como prevenir estas burlas
Para prevenir estas burlas, a PSP recomenda que se evite responder a mensagens de texto não solicitadas. Deve também bloquear ou denunciar a pessoa que as envia.
Evite também partilhar informações pessoais e financeiras com um contacto online.
A PSP aconselha igualmente a desconfiar de promessas irrealistas.
As pessoas devem ainda garantir sempre que estão a utilizar um site ou aplicação fidedigna.
A PSP sublinha que ainda que “o site recomendado pelo burlão pode ter um URL com erros ortográficos de um site/aplicação frequentemente mal projectado de serviços de terceiros para transacções em criptomoeda”.
“À medida que mais pessoas têm conhecimento das burlas, estas tornam-se menos eficazes, logo a natureza do crime está em constante evolução“, afirma a PSP que recomenda as pessoas a manterem-se atualizadas sobre as últimas tendências.
ZAP // Lusa