“Pepitas de ouro no céu”. Encontradas 49 galáxias em três horas (e sem querer)

Glowacki et al. / Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.

Nova “fornada” de galáxias foi descoberta por acaso com recurso ao telescópio MeerKAT, na África do Sul. “Quando olhámos para os resultados, tivemos uma enorme surpresa.”

O Universo está muito mais povoado do que anteriormente se acreditava — abriga pelo menos dois triliões de galáxias, revelou um estudo de 2016 liderado por Christopher Conselice, Professor de Astrofísica na Universidade de Nottingham, com a ajuda do Telescópio Espacial Hubble.

No entanto, mais de 90% destas galáxias permanecem inexploradas, escondidas devido à sua natureza ténue e distante.

Recentemente, recebemos uma nova “fornada”: uma equipa de astrónomos da África do Sul revelou, com recurso ao telescópio de rádio MeerKAT , 49 novas galáxias ricas em hidrogénio crítico para a formação de estrelas… em apenas três horas de observação.

A pesquisa tinha o objetivo inicial de estudar o gás formador de estrelas numa galáxia de rádio específica, mas inesperadamente identificou 49 novas galáxias.

Glowacki et al. / Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.

As 49 galáxias agora descobertas

“Estrelas nascem de enormes nuvens de gás, principalmente hidrogénio, flutuando no espaço. Astrónomos como eu estudam este gás porque nos ajuda a entender como as estrelas e as galáxias se formam e crescem,” começou por explicar o autor do novo estudo, Marcin Glowacki.

Para Glowacki, investigador da Universidade Curtin e do Centro Internacional de Pesquisa em Astronomia de Rádio (ICRAR) na Austrália Ocidental, este conjunto de galáxias é como “pepitas de ouro no céu”.

“Recentemente, os meus colegas e eu estávamos a usar um telescópio como este, um telescópio de rádio chamado MeerKAT, na África do Sul, para procurar gás hidrogénio numa galáxia específica. Quando olhámos para os resultados, tivemos uma enorme surpresa”, conta o astrónomo, num artigo no The Conversation.

Entre estas, destacaram-se três galáxias, conectadas pelo seu conteúdo de gás. O trio exibe uma interação fascinante onde uma galáxia parece estar a “roubar” gás dos seus vizinhos para alimentar a sua formação de estrelas. Este processo pode estar a tornar as outras galáxias inativas.

“É provável que esteja a roubar o gás das suas galáxias companheiras para alimentar a sua formação de estrelas, o que pode levar as outras duas a tornarem-se inativas,” explica Glowacki.

A descoberta foi apresentada num artigo publicado na Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.

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