O suor é a chave para combater a doença de Lyme

O suor humano contém uma proteína que pode proteger os seres humanos contra as bactérias que causam a doença de Lyme.

A doença de Lyme é uma infeção bacteriana grave. Em Portugal, tem-se verificado um aumento do número de casos nos últimos anos, tendo a Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia referido, em 2018, que se tem assistido ao aumento da incidência e à expansão geográfica da distribuição da doença.

“Apesar da escassez de dados epidemiológicos, alguns trabalhos sugerem uma crescente importância desta patologia, em particular nas regiões norte e centro do país. O aumento dos movimentos migratórios e das viagens a áreas endémicas poderá também contribuir para o crescimento do número de casos de doença de Lyme em território nacional”, lê-se.

Recentemente, uma equipa de cientistas do MIT e da Universidade de Helsínquia descobriu que o suor humano contém uma proteína que pode proteger contra as bactérias que causam esta doença.

“Esta proteína pode fornecer alguma proteção contra a doença de Lyme. Pensamos, inclusive, que há implicações reais para uma prevenção e, possivelmente, um tratamento”, disse Michal Caspi Tal, do MIT, citado pelo New York Post.

Em laboratório, os investigadores analisaram o ADN e os historiais médicos de sete mil finlandeses  diagnosticados com a doença de Lyme e ficaram surpreendidos ao descobrir que uma secretoglobina, chamada SCGB1D2, suprimia o crescimento bacteriano.

As secretoglobinas são proteínas que protegem os pulmões – esta, em particular, é secretada pelas células das glândulas sudoríparas.

Face a esta constatação. os cientistas expuseram versões normais e modificadas de SCGB1D2 à Borrelia burgdorferi, uma bactéria que estimula a doença de Lyme. Os resultados não deixaram margem para dúvidas: a versão normal da proteína inibiu “significativamente” o crescimento de bactérias.

As cobaias injetadas com a bactéria exposta à mutação SCGB1D2 foram infetadas com a doença de Lyme, mas não adoeceram com a versão normal da proteína.

A equipa ainda não tem certeza de que forma a proteína atua para impedir o crescimento da bactéria, mas planeia investigar possíveis aplicações, nomeadamente na pele para prevenir a infeção.

Além disso, os cientistas querem explorar o uso desta proteína como tratamento para infeções que não respondem aos antibióticos.

O artigo científico com os resultados foi publicado, a 19 de março, na Nature Communications.

ZAP //

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