“Interferência grosseira na política”: Ferro Rodrigues culpa PGR pelos resultados eleitorais

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Tiago Petinga / Lusa

O ex-Presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues

O ex-Presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, acusa a Procuradoria-Geral da República de interferir “grosseiramente” na vida política do país.

Eduardo Ferro Rodrigues culpou a PGR – Procuradoria-Geral da República – pelo desfecho eleitoral do último domingo.

“Foi uma interferência grosseira da Procuradoria-Geral da República no processo político”, considerou o socialista, lamentando que, “quatro meses depois daquele texto que levou o primeiro-ministro [António Costa] a demitir-se”, ainda não tivesse sido dada alguma explicação, “ou que o primeiro-ministro tivesse sido ouvido”.

Em entrevista à CNN Portugal, esta sexta-feira, o antigo Presidente da Assembleia da República disse ainda que – propositadamente ou não – o “sistema” acabou por dar força ao Chega: “A contenção do Chega é uma tarefa de várias instituições, do Presidente da República, do sistema judicial. Infelizmente o que verificamos é que houve muita gente, mesmo que não tenha querido, fez o jogo do Chega“.

“O Chega beneficiou de uma situação inusitada em que há uma suspeita sobre o primeiro-ministro, e isso mobilizou um número de pessoas a votar na extrema-direita”, explicou.

O histórico socialista acha que a Operação Influencer teve influência nos votos, já que as “eleições decorreram por baixo de uma suspeita – infundada até agora – de práticas ilícitas do primeiro-ministro”.

“A crise foi provocada por uma interferência grosseira do poder judicial no poder político, que desestabilizou o estado democrático, além de desestabilizar o Governo. E o Presidente da República nada fez para que o primeiro ministro se mantivesse”, insistiu.

Ferro Rodrigues considera que se deve perguntar a Marcelo Rebelo de Sousa, – que esteve com a Procuradora, Lucília Gago, na manhã da demissão de António Costa – “o que é que o levou àquelas circunstâncias e por que é que quatro meses depois nada se sabe”.

“O primeiro-ministro nem sequer foi ouvido”, lamentou Ferro Rodrigues.

Na mesma entrevista, Ferro Rodrigues considerou que o Partido Socialista – na impossibilidade de apresentar um programa de governo que “não seja rejeitado pela direita e pela extrema-direita” – tem de aproveitar estes tempos fora da governação para fazer “algumas mudanças dentro do partido”.

O antigo Presidente da Assembleia da República (AR) apelou à mudança e diz que é hora de refletir e identificar as razões dos resultados, “que são diferentes de idade para idade, e de zona do país para zona do país”.

ZAP //

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4 Comments

  1. Verdade, Tiago.
    Tão verdade como quem criou o monstro, acabar devorado por ele.
    Refiro-me ao PR e ao responsável máximo pela sua eleição (duas vezes!).
    O que viu António Costa, em alguém em quem nem a própria família política alguma vez confiou?
    Alguém que TUDO fez e fará para cumprir o preceito número um da sua agenda, que sempre foi colocar e manter no poder o seu querido PSD?
    Uma agenda irredutível, prioritária desde a primeira hora, sem olhar a meios e, sempre que necessário ou conveniente, os mais ignõbeis, desonestos e desprezíveis.
    É bem verdade. “Quem nos inimigos confia, às mãos lhe morre”
    Mas permanecem muitos sobreviventes atentos, felizmente.

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