Um novo estudo indica que os vírus que infetam os micróbios no ciclo do metano têm um papel maior do que o que se pensava no aquecimento do planeta.
Uma pesquisa publicada na Nature Communications revelou um papel significativo dos vírus que infetam micróbios no ciclo do metano, um potente gás de efeito estufa, contribuindo assim para as alterações climáticas.
Ao analisar quase 1000 conjuntos de dados de ADN metagenómico de 15 habitats diferentes, que variam de lagos a estômagos de vacas, os investigadores descobriram que os vírus microbianos carregam genes especiais que controlam processos de metano, denominados genes metabólicos auxiliares (AMGs).
A quantidade desses genes varia dependendo do habitat dos organismos, sugerindo que o impacto potencial dos vírus no ambiente também varia.
Esta descoberta é crucial para entender como o metano interage e se move dentro de diferentes ecossistemas, de acordo com ZhiPing Zhong, autor principal do estudo e associado de pesquisa no Byrd Polar and Climate Research Center da Ohio State University.
“É importante compreender como os microrganismos impulsionam os processos de metano,” disse Zhong, que é também microbiólogo especializado em como os micróbios evoluem em ambientes diversos.
Os vírus, sendo a entidade biológica mais abundante na Terra, têm sido pouco estudados em relação ao seu papel nas aterações climáticas. O metano, o segundo maior impulsionador das emissões de gases de efeito estufa após o dióxido de carbono, é produzido em grande parte por organismos unicelulares chamados archaea, relembra o SciTech Daily.
A pesquisa focou-se em ambientes ricos em metano, como o Lago Vrana, na Croácia, onde descobriram uma abundância de genes microbianos que afetam a produção e oxidação de metano, além de comunidades virais diversas.
No entanto, não há evidências de que esses vírus codifiquem diretamente genes de metabolismo de metano, indicando que o impacto potencial dos vírus no ciclo de metano varia por habitat.
Curiosamente, ambientes associados a hospedeiros, como o interior do estômago de uma vaca, mostraram um maior número de AMGs relacionados com o metabolismo de metano em comparação com habitats ambientais.
Considerando que as vacas e outros animais de pecuária são responsáveis por cerca de 40% das emissões globais de metano, os resultados sugerem uma relação complexa entre vírus, seres vivos e o ambiente.
“Estas descobertas sugerem que os impactos globais dos vírus são subestimados e merecem mais atenção”, remata Zhong.