Uma equipa de astrónomos descobriu um objeto com uma aparência muito curiosa nos confins do Espaço, a cerca de 800 anos-luz de distância.
O novo objeto descoberto na Via Láctea é um verdadeiro petisco cósmico.
Dada a sua aparência, semelhante a uma sanduíche uruguaia, recebeu o nome de Chivito do Drácula, mas é, na verdade, uma estrela bebé cercada por um espesso disco de gás e poeira.
A equipa, liderada por Ciprian Berghea, investigador do Observatório Naval dos Estados Unidos (USNO), descobriu que este novo disco está associado a uma fonte infravermelha conhecida como IRAS 23077+6707.
Segundo o Phys, a descoberta foi feita depois de os astrónomos terem analisado os dados do Panoramic Survey Telescope and Rapid Response System (Pan-STARRS) enquanto trabalhavam num estudo de variabilidade de candidatos a núcleos galácticos ativos (AGN).
“Identificamos um novo disco protoplanetário muito grande a partir de imagens PS1 e confirmamos a consistência dos dados disponíveis com uma interpretação do disco através de transferência radiativa e modelagem SED [distribuição de energia espectral]”, detalham os especialistas, no artigo que apresenta a descoberta.
O disco tem um tamanho aparente de cerca de 11 segundos de arco – o que o torna o maior disco protoplanetário detetado até agora – uma massa de 0,2 massas solares e um ângulo de inclinação de 82 graus, com um raio de 1.650 UA. Importa salientar que não está associado a nenhuma região de formação estelar conhecida.
Já o Chivito do Drácula pesa cerca de 2,5 massas solares e a estrela central é, muito provavelmente, uma estrela quente do tipo Herbig Ae, que queima a temperaturas de cerca de 7.727º Celsius.
O estranho objeto conta ainda com dois filamentos salientes, que os investigadores comparam a presas. Depois de modelar a formação estelar, concluíram que estes filamentos sugerem um “envelope” dissipador em torno da estrela.
Esta bolha de material desbotada pode ajudar os cientistas a descobrir exatamente a que distância a estrela se encontra no seu processo de formação, uma vez que as estrelas bebés tendem a emitir ventos e jatos que sopram para longe o excesso de material à sua volta. A presença deste envelope fino sugere que a estrela ainda é muito jovem.
Esta descoberta é a análoga mais próxima à descoberta igualmente rara do “Hambúrguer de Gomez”, em 1985 – outra jovem estrela com aparência de sanduíche. Além disso, representa uma nova oportunidade para estudar a estrutura vertical do processo de formação estelar.
O artigo científico, que ainda carece de revisão por pares, está disponível para consulta no portal arXiv.