Ao construir uma imagem 3D de parte da superfície do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, os astrónomos descobriram cavidades com até 47 metros de profundidade.
Foram detetadas cavidades num cometa pela primeira vez. A notícia é avançada pela revista New Scientist, que detalha que as crateras estão cheias de gelo, o que poderá ajudar a explicar os misteriosos jatos que os astrónomos têm visto a sair do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko – também conhecido por cometa 67P.
Normalmente, os cometas são feitos de rocha, gelo e gases congelados, mas a sua estrutura interna ainda não é totalmente conhecida pelos cientistas. Estas cavidades poderiam ajudar a comunidade científica nesta análise.
As três grutas foram detetadas graças a reconstruções 3D da superfície do cometa, criadas a partir de fotografias de alta resolução tiradas pela nave espacial Rosetta, em 2016.
A sonda passou várias vezes pelo cometa durante a sua missão, mas só as imagens obtidas durante as passagens mais próximas – sobre uma pequena secção do 67P – eram suficientemente detalhadas para criar as imagens 3D.
“Não há razão para não haver mais cavidades noutros locais, mas não temos as circunstâncias certas para as observar”, referiu o investigador Philippe Lamy, autor do artigo científico com a descoberta, disponível no portal arXiv.
A equipa construi as imagens em 3D, conhecidas como anaglifos, e traçou os perfis das cavidades, tendo descoberto que se estendiam no interior do cometa entre 20 e 47 metros de profundidade.
Além disso, também se aperceberam que um jato brilhante que emanava do cometa em julho de 2015 (que provavelmente continha gelo) foi libertado quando a luz do Sol iluminou o fundo de uma das cavidades, o que sugere um possível mecanismo para a criação da pluma gelada.
Ainda não é claro que tipo de gelo está presente no interior das cavidades, mas se se tratar de gelo de água recentemente exposta no interior do cometa, então a descoberta “representaria uma grande oportunidade para estudar ou recolher amostras de uma área que pode ser ainda mais intocada do que outras áreas da superfície de um cometa”, assinalou Stephen Lowry, da Universidade de Kent, no Reino Unido.
Ainda assim, o investigador admite que fazer aterrar uma nave espacial numa área tão pequena seria uma tarefa bastante complicada.