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Os pássaros abominam a Passagem de Ano

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ZAP // Dall-E-2

Um estudo recente revelou o impacto surpreendente dos fogos de artifício da Passagem de Ano nas populações de aves.

Conduzido por uma equipa internacional de investigadores, liderada por Bart Hoekstra, ecologista da Universidade de Amesterdão, o estudo descobriu que os fogos de artifício provocam um aumento dramático na atividade de voo das aves, afetando-as até uma distância de 10 quilómetros.

Apresentado num artigo publicado no início do mês na revista Frontiers in Ecology and the Environment, o estudo defende a criação de zonas livres de fogos de artifício e a promoção de espetáculos de luz mais silenciosos para proteger as aves.

O estudo utilizou dados de radares meteorológicos e contagens de aves para analisar a resposta das aves aos fogos de artifício.

Os investigadores observaram que na Passagem de Ano, o número de aves em voo perto dos locais dos fogos de artifício pode aumentar até 1.000 vezes em relação ao número normal, com picos a atingir 10.000 a 100.000 vezes em algumas áreas.

Esta resposta é mais pronunciada nos 5 quilómetros mais próximos dos fogos de artifício, mas efeitos significativos são ainda evidentes até 10 quilómetros de distância.

“O ruído e a luz súbitos dos fogos de artifício desencadeiam uma resposta de voo aguda nas aves. Em países como a Holanda, com muitas aves migratórias de inverno, milhões de aves são impactadas“, explica Hoekstra, citado pelo SciTechDaily.

Esta perturbação é particularmente preocupante para aves aquáticas e aves maiores em áreas abertas, que ficam a voar a grandes altitudes durante períodos prolongados após os fogos de artifício, levando a potenciais riscos de encontros com mau tempo ou desorientação.

O estudo, que também usou dados de distribuição de aves do Centro Holandês de Ornitologia de Campo, indica que quase 400.000 aves levantam voo imediatamente no início dos fogos de artifício apenas nas áreas estudadas.

Os investigadores realçam a natureza intensiva em energia do voo para as aves, especialmente durante os meses frios de inverno, e sugerem que as perturbações devem ser minimizadas.

Dado que 62% das aves na Holanda residem dentro de um raio de 2,5 quilómetros de áreas habitadas, as consequências generalizadas dos fogos de artifício são significativas.

O estudo recomenda que sejam criadas zonas tampão em áreas com grandes populações de aves, sugerindo que estas zonas possam ser menores perto de florestas onde a luz e o som viajam menos.

Os autores propõem os fogos de artifício sejam centralizados em áreas urbanizadas, longe dos habitats das aves, e uma transição para espetáculos de luz mais silenciosos, para mitigar o impacto nas populações de aves.

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