Um estudo inovador do Instituto Zuckerman da Columbia revelou uma característica notável do nariz humano: cada uma das suas milhões de células nervosas é especializada na detecção de um odor específico.
Cada uma das milhões de células nervosas no sistema olfativo humano está sintonizada para detetar odores específicos.
Este desenho sofisticado do nariz humano permite-nos distinguir um bilião de diferentes cheiros, influenciando as nossas escolhas alimentares, interações sociais e memória.
Um novo estudo, conduzido por Stavros Lomvardas, investigador do Instituto Zuckerman da Columbia, fornece novas perspetivas sobre como os humanos conseguem identificar uma tão vasta gama de aromas distintos.
O estudo, publicado a semana passada na revista Nature, permitiu concluir que os neurónios individuais nos nossos narizes são sensíveis especificamente a certos cheiros.
Por exemplo, algumas das células olfativas reagem exclusivamente ao aroma essencial da baunilha, etil vanilina, enquanto outros detetam o limoneno encontrado nos limões.
Esta seletividade é o resultado de uma competição interna complexa dentro do núcleo de cada neurónio, onde uma multidão de genes de recetores olfativos compete pela dominância. Esta batalha ao estilo “Squid Games” leva à seleção de um único gene que dita a sensibilidade da célula a um odorante específico.
“Este processo é como uma luta entre 1.000 concorrentes. As moléculas reguladoras dos genes desempenham um papel crucial neste processo, formando alianças para ativar ou desativar genes específicos”, explica Ariel Pourmorady, primeiro autor do estudo, numa nota de imprensa do Instituto Zuckerman.
A equipa descobriu ainda uma região do genoma, a que deu o nome de “Ilhas Gregas” pela sua semelhança com as ilhas no Mar Egeu, no qual o RNA desempenha um papel preponderante. Estes “centros moleculares” remodelam o genoma, determinando que genes recetores são favorecidos e quais são suprimidos.