Adeus esteróides: cientistas fazem grande avanço no tratamento da asma

O tratamento biológico benralizumab revelou ser uma abordagem segura para o tratamento da asma grave, sem depender de altas doses de esteróides.

A asma é uma doença respiratória crónica frequente e potencialmente grave que, apesar de não ter cura, pode ser controlada.

Recentemente, um estudo mostrou que a forma grave desta doença pode ser controlada com terapias biológicas, sem a adição de esteróides inalados em altas doses, que podem ter efeitos colaterais significativos.

As descobertas do estudo, cujo artigo científico foi publicado na The Lancet, demonstraram que 92% dos pacientes que utilizam a abordagem biológica benralizumab poderiam reduzir, com segurança, a dose de esteroides inalados, sendo que mais de 60% poderiam interromper o uso por completo.

“As terapias biológicas, como o benralizumab, revolucionaram o tratamento da asma grave de muitas formas, e os resultados deste estudo mostram, pela primeira vez, que os danos relacionados com os esteróides podem ser evitados na maioria dos pacientes”, salientou David Jackson, citado pelo SciTechDaily.

Benralizumab é um tratamento biológico, injetado a cada quatro a oito semanas, que reduz o número de células inflamatórias eosinófilos, produzidas em quantidades anormais nas vias aéreas de pacientes com asma grave.

Este estudo contou com a participação de 208 voluntários, que reduziram gradualmente as suas altas doses de esteróides inalados ao longo de 32 semanas, seguidas de um período de manutenção de 16 semanas.

Os resultados revelaram que aproximadamente 90% dos pacientes não apresentaram agravamento dos sintomas, permanecendo livres de quaisquer episódios críticos durante as 48 semanas do estudo.

Apesar dos excelentes resultados, os investigadores alertam que serão necessárias mais investigações subsequentes para assegurar a segurança e a eficácia deste tratamento, de modo a que possa, no futuro, substituir a inalação de esteróides.

Segundo a Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica, a asma afeta cerca de 700 mil portugueses (6,8% da população) e cerca de 175 mil crianças e adolescentes (8,4% das crianças).

Cerca de metade dos doentes asmáticos em Portugal não tem a sua doença controlada.

Liliana Malainho, ZAP //

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