O antigo ministro das Finanças alemão Wolfgang Schäuble, figura central no esforço pesado de austeridade para tirar a Europa da sua crise da dívida, morreu aos 81 anos.
Morreu hoje o ex-ministro das Finanças da Alemanha e ex-presidente da câmara baixa do Parlamento alemão Wolfgang Schäuble.
Nascido em Friburgo em 1942, Schäuble foi um membro proeminente da União Democrata Cristã (CDU) e uma figura central na história recente da política alemã e europeia. Em 1990, ajudou a negociar a reunificação alemã.
Com uma carreira que se estendeu durante mais de cinco décadas, Schäuble foi parlamentar ininterruptamente, desde 1972, estabelecendo um recorde na história de 150 anos do Bundestag.
Conhecido pela sua postura rígida e influência significativa, Schäuble desempenhou um papel fundamental durante a crise financeira de 2008, especialmente na gestão das consequências do endividamento dos países da zona do euro.
Como ministro das Finanças no governo de Angela Merkel, foi uma figura chave na imposição de políticas de austeridade nos países da Europa do Sul, como Portugal e Grécia, o que o tornou uma personalidade controversa.
O atual chanceler alemão, Olaf Scholz, lamentou a morte de Schäuble, recordando que o veterano político “moldou nosso país durante mais de meio século”, como parlamentar, ministro e presidente do Bundestag.
“A Alemanha perde um pensador sagaz, um ardoroso político e um combatente pela democracia”, lamentou o social-democrata, que sucedeu Schäuble como ministro das Finanças em 2018. “Os meus pensamentos hoje estão com sua família”, afirmou o chanceler na rede social X (ex-Twitter).
Além de sua carreira política, Schäuble sobreviveu a um atentado tiro em 1990, que o deixou paralisado da cintura para baixo. Apesar do incidente, permaneceu ativo na política, tendo sido no seu percurso muitas vezes apontado como um possível sucessor do chanceler Helmut Kohl.
Schäuble, que foi também Ministro do Interior da Alemanha, mostrou sempre um grande compromisso e paixão pela política. Apoiante de longa data de uma maior unidade europeia, ajudou a liderar um esforço de anos que visava uma integração mais profunda e um conjunto de regras mais rigoroso.
Depois de oito anos como ministro das Finanças, Schaeuble consolidou o seu estatuto de estadista mais velho ao tornar-se Presidente do Parlamento alemão – o último passo numa longa carreira política na linha da frente.
Deixa para trás quatro filhos, a esposa, Ingeborg, e uma herança de dedicação ao serviço público.
ZAP // Lusa
