Têm sido contabilizadas pessoas que não moram em Portugal. Só nas últimas legislativas, a diferença teria sido 7%.
42% nas eleições do ano passado, 45,5% nas anteriores e 43% no acto eleitoral de 2015. Isto se olharmos apenas para as eleições legislativas.
A abstenção tem chegado a números elevados em Portugal – mas, afinal, não é tão alta como tem sido partilhado nos dados oficiais.
Um estudo elaborado para a Fundação Francisco Manuel dos Santos mostra que há um aspecto crucial que faz a diferença: nos números da abstenção em território nacional, têm sido contabilizados eleitores recenseados que não moram em Portugal.
Os cadernos eleitorais ainda têm muitos eleitores que residem no estrangeiro e que não estão inscritos num consulado do país respectivo.
Esse desvio é de 11,4%, o que representa uma parcela importante da amostra: quase 1 milhão de eleitores.
O Jornal de Negócios cita o exemplo das eleições legislativas de Janeiro de 2022: em Portugal a abstenção oficial foi 42% mas a abstenção real foi 35%. Uma diferença de sete pontos percentuais.
Refira-se que, nas mesmas eleições, a abstenção entre portugueses que vivem no estrangeiro foi 88,6%.
O mesmo estudo afasta os cenários de inscrições duplicadas ou de conservação de eleitores já falecidos.
Para resolver esta situação, o documento sugere simplificar o processo e tornar o recenseamento no estrangeiro mais apelativo. Mais votos lá fora poderiam ser sinónimo de mais deputados eleitos nos círculos da Europa e de fora da Europa.
Os investigadores também indicam que seria importante tornar mais fácil o voto à distância no estrangeiro: extensão do voto antecipado em mobilidade à rede de embaixadas e consulados no estrangeiro.