A devolução das esculturas de mármore do Partenon, que estão no Museu Britânico, está a causar uma crise diplomática entre Londres e Atenas.
O cancelamento inesperado de uma reunião entre o primeiro-ministro grego Kyriakos Mitsotakis e o seu homólogo britânico Rishi Sunak em Londres agravou as tensões sobre a questão contenciosa das esculturas do Partenon, também conhecidas como Mármores de Elgin.
Mitsotakis, que deveria encontrar-se com Sunak para uma discussão de 45 minutos, mostou-se muito desiludido e “aborrecido”, especialmente porque o cancelamento ocorreu apenas algumas horas antes do horário previsto.
“Qualquer pessoa que acredite na retidão e justiça das suas posições nunca tem medo de confrontar argumentos”, frisou. O Governo britânico, confirmando o cancelamento da reunião, ofereceu um encontro alternativo com o vice-primeiro-ministro Oliver Dowden, o qual Mitsotakis recusou.
“Não é algo que se faça. Não só é desrespeitoso com o primeiro-ministro grego como com o povo grego. Estamos a assumir o óbvio, que ele ficou irritado com os comentários que reiteram a posição fixa do país sobre o retorno das esculturas do Partenon”, afirmou ainda Pavlos Marinakis, porta-voz do Governo de Atenas.
Mitsotakis tinha anunciado querer discutir com Sunak questões globais como a guerra na Ucrânia e as alterações climáticas, mas a participação do primeiro-ministro grego no programa “Sunday with Laura Kuenssberg” da BBC, onde defendeu a devolução das esculturas do Partenon à Grécia, terá sido o que irritou Sunak e causou o cancelamento.
As esculturas de mármore em causa foram levadas de Atenas pelo diplomata e aficionado por arte Lord Elgin no século XIX e estão em Londres desde então.
O Museu da Acrópole em Atenas, projectado para abrigar estes artefactos, combina as peças originais com cópias em gesso das que estão no Museu Britânico. O primeiro-ministro grego defende a sua devolução e considera que a actual situação é como “cortar a Mona Lisa a meio“.
Já há vários anos que uma campanha na Grécia exige o regresso das esculturas e conversações entre o Museu Britânico e as autoridades gregas no ano passado para discutir um potencial acordo de empréstimo. Em Março, porém, Sunak descartou qualquer mudança na legislação atual, que impede o Museu Britânico de devolver permanentemente as obras a Atenas.
Uma fonte dos Conservadores refere à BBC que se “tornou impossível avançar com esta reunião”. “A nossa posição é clara: os mármores de Elgin fazem parte da colecção permanente do Museu Britânico. É imprudente por parte de qualquer político britânico sugerir que esse assunto está aberto a negociações”, afirma.
Entretanto, Mitsotakis encontrou-se com o líder trabalhista Keir Starmer, o que provocou ainda mais agitação política. O Partido Trabalhista, aberto a explorar um acordo de empréstimo entre o Museu Britânico e Atenas, criticou Sunak por não se encontrar com um aliado europeu importante.
Conforme a situação atual, um possível acordo de empréstimo está sendo explorado, mas qualquer decisão firme parece estar a meses de distância. Este incidente não apenas destacou as complexidades em torno do património cultural e da propriedade, mas também a natureza delicada das relações diplomáticas internacionais.
Ingleses sempre no gamanço.
Deixa ver se eu entendo. Se roubar uma obra de arte, ou qualquer outra coisa, e ficar na minha posse. Quantos anos são precisos para que passe a ser direito adquirido ???
Se pertencessem a um qualquer país africano já tinham sido devolvidas, mesmo que não tivessem sido roubadas.
É óbvio que vc nunca foi ao British Museum, nem acompanha as polémicas que envolvem os grandes museus dos grandes impérios coloniais europeus. Por exemplo, a ala dedicada ao Egipto no BM é gigante – penso que só equiparada ao Louvre -, os Ingleses trouxeram para casa um acervo de todo o tipo de peças, desde túmulos inteiros até “paredes” de edifícios da antiguidade e estátuas com vários metros de altura. Obviamente o Egipto reclama a devolução dessas peças, que entende foram retiradas indevidamente sobre a proteção do poder colonial… Sabe em que continente fica o Egipto?… Pois é isso!
Quando se fala de cor, só se diz asneira.