Cientistas mais perto de explicar os misteriosos redemoinhos na Lua

NASA/Goddard Space Flight Center/Arizona State University

Os misteriosos redemoinhos existentes na Lua já podem ser melhor explicados. Um novo estudo poder ajudar os cientistas a descobrir as causas destas curvas brilhantes.

De acordo com o Science Alert, através de um estudo minucioso destas misteriosas características dos conhecidos como redemoinhos lunares, os cientistas descobriram que pelo menos um deles está ligado à topografia lunar.

Esta é uma informação que poderá ajudar os cientistas a descobrirem a causa destas curvas brilhantes, cuja origem tem até agora permanecido desconhecida.

John Weirich, cientista planetário, do Planetary Science Institute, explicou que “a interpretação canónica dos redemoinhos lunares é que a topografia não tem qualquer influência na localização ou na forma do redemoinho”.

No novo estudo publicado no Planetary Science Journal, Deborah Domingue e a sua equipa descobriram que as áreas brilhantes do remoinho lunar em Mare Ingenii têm uma elevação mais baixa do que as faixas escuras entre elas.

Chegaram a esta conclusão gerando e examinando dados topográficos de redemoinhos lunares com uma resolução mais elevada do que a que tinha sido efetuada anteriormente.

“Os remoinhos lunares são estranhos e belos. Como o nome sugere, são padrões de redemoinhos que podem ser encontrados na Lua, tanto no mare escuro (planícies de basalto lunar vulcânico escuro) como nas terras altas brilhantes. São caracterizados por linhas onduladas brilhantes, separadas por intervalos mais escuros entre elas.

Deborah Domingue et al

O que se sabe dos redemoinhos lunares?

Todos os redemoinhos lunares identificados até à data coincidem com um campo magnético sobre a superfície lunar, que os cientistas pensam desviar as partículas solares, impedindo que a meteorização espacial afete os redemoinhos tanto como o solo à sua volta.

Também parece haver uma ligação entre os remoinhos lunares e os tubos de lava enterrados por baixo deles.

Pensava-se que não havia qualquer relação entre a forma da superfície e a forma dos remoinhos, mas trabalhos recentes mostraram que isso pode não ser verdade.

A equipa liderada por Domingue descobriu que num remoinho numa região conhecida como Mare Ingenii, as linhas brilhantes são mais baixas do que as faixas mais escuras entre elas, em cerca de 2 a 3 metros.

Encontrar isto é interessante, mas não é o suficiente para determinar uma ligação. Por isso Weirich e os seus colegas investigaram outro redemoinho — o mais famoso — conhecido como Reiner Gamma.

Recolheram dados da câmara da Lunar Reconnaissance Orbiter e processaram-nos de modo obter a topografia da superfície em alta resolução.

Os resultados foram idênticos aos do redemoinho observado em Mare Ingenii.

“Neste artigo estudámos o Reiner Gamma e descobrimos que as áreas brilhantes são cerca de 4 metros mais baixas do que as áreas escuras”, diz Weirich.

“No entanto, não é tão simples como o facto de as áreas claras serem uniformemente mais baixas do que as áreas escuras. Se fosse esse o caso, esta relação entre a topografia e o remoinho seria fácil de demonstrar, comparando um mapa de elevação com uma imagem do remoinho. Em vez disso, esta relação só se verifica quando comparamos a altura média das zonas claras com a altura média das zonas escuras”, explica.

A informação obtida também não desvenda a causa dos redemoinhos, pelo menos para já. Mas, segundo os cientistas, cada nova informação é uma pista que pode ajudar a desvendar esse mistério.

“Uma vez que não temos um conhecimento completo de como estes remoinhos se formaram, não compreendemos completamente a história que nos podem contar sobre a Lua“, continua Weirich.

“A sua formação pode envolver uma combinação de processos bem conhecidos que interagem entre si, ou um processo atualmente desconhecido. Os objetos ou fenómenos invulgares são, por vezes, a chave para obter conhecimentos mais profundos e, por esta razão, os remoinhos lunares são muito intrigantes”, conclui.

Teresa Oliveira Campos, ZAP //

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