O Governo norueguês prepara-se para proibir a mendicidade no país, com multas e penas de prisão, o que poderá entrar em vigor em alguns meses, apesar das críticas feitas por partidos e diversas organizações.
O Partido Centrista, da oposição, comprometeu-se há alguns dias com o seu apoio à proposta governamental.
Assim, o Governo – composto pelos conservadores e ultranacionalistas do Partido do Progresso – tem assegurado a maioria no Storting, o parlamento norueguês, para a aprovação deste projeto.
Os defensores da reforma afirmam que, na sua opinião, a mendicidade tornou-se mais agressiva nos últimos anos, o que levou a um aumento da criminalidade e de outros crimes, como o tráfico de seres humanos.
“É importante observar mais profundamente. Trata-se do vínculo com a criminalidade organizada e não porque não suportamos ver gente a pedir ou a passar mal”, declarou a primeira-ministra conservadora, Erna Solberg, quando há alguns meses se colocou a possibilidade da proibição da mendicidade.
Diante das pressões da direita, o anterior Governo, de centro-esquerda, aprovou, em 2013, uma proposta em que os municípios poderiam fixar condições para se pedir dinheiro em locais públicos e que a polícia deveria elaborar registos com as pessoas que se dedicam à mendicidade.
Depois da sua vitória eleitoral, em setembro de 2013, os conservadores e a direita xenófoba intensificaram os esforços para restaurar a proibição a nível nacional, abolida em 2005.
O objetivo é criminalizar a mendicidade organizada, ainda que as autoridades tenham admitido a dificuldade em definir este termo, como sublinhou a associação de advogados da Noruega.
A iniciativa recebeu críticas variadas, como a da provedora de justiça contra a discriminação, Sunniva Orstavik, que teme que a lei possa provocar uma discriminação contra a população cigana, grupo a que corresponde uma parte dos mendigos.
A comissão nacional dos direitos humanos também alertou sobre a possibilidade de possíveis efeitos discriminatórios e violações da liberdade de expressão, enquanto associações jurídicas criticam o curto prazo de análise a que o projeto de lei será submetido, apenas três semanas.
“A proposta é muito problemática. Eu disse abertamente às autoridades que espero que não sigam com este processo. Parece tentador usar métodos penais para tratar um problema social. A mendicância é uma questão de pobreza”, disse há dias, aos media noruegueses, o comissário do Conselho da Europa para os Direitos Humanos, Nils Muiznieks.
A reforma poderia ter consequência para a estabilidade do Governo norueguês, que goza de uma maioria parlamentar graças ao apoio de duas formações de centro, o Partido Liberal e o Partido democrata-cristão, que se opõe à nova medida.
/Lusa
vergonha é roubar não é pedir….
“É importante observar mais profundamente. Trata-se do vínculo com a criminalidade organizada e não porque não suportamos ver gente a pedir ou a passar mal”
Mas se os mendigos andam a mendigar vão pagar multa como? Será que quem não paga vai para a prisão??