Sánchez reeleito Presidente do Governo de Espanha — depois de um susto dos independentistas

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partyofeuropeansocialists / Flickr

Pedro Sánchez, primeiro-ministro espanhol

Apesar de um pequeno susto dos catalães ontem no debate da investidura, Pedro Sánchez conseguiu garantir a reeleição como Presidente do Governo de Espanha.

Pedro Sánchez, líder do Partido Socialista espanhol (PSOE), foi esta quinta-feira reconduzido no cargo de presidente do Governo de Espanha, depois de garantir o apoio de 179 dos 350 deputados da câmara baixa das Cortes Gerais espanholas, mais três do que a maioria absoluta.

Além do apoio dos deputados do PSOE, Sánchez recebeu ainda o voto de confiança dos membros do Sumar, do Juntos pela Catalunha (Junts), da Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), do Bloco Nacionalista Galego (BNG), do Partido Nacionalista Basco (PNV), do EH Bildu e da Coligação Canária (CC).

Esta investidura surge depois no meio de muita polémica e mega-protestos contra a lei da amnistia para os independentistas catalães. A lei da amnistia procura perdoar os líderes que organizaram o referendo à independência da Catalunha em 2017, tanto os que já foram julgados e cumpriram pena como os que nunca chegaram a apresentar-se às autoridades.

A proposta deve abranger 300 pessoas, desde políticos, a manifestantes, polícias e directores das escolas onde os catalães foram votar.

Mas apesar do apoio de Sánchez à lei, na primeira sessão de debate antes da investidura, houve um pequeno susto quando a porta-voz do Juntos Pela Catalunha, Miriam Nogueras, discursou. A deputada acusou o primeiro-ministro de não ser “corajoso” — o que deixou no ar a possibilidade de haver uma surpresa na votação da investidura.

“Não se atreveu a abordar o problema catalão de forma direta. É tempo de deixar de esconder o problema, está disposto a fazê-lo?”, questionou a deputada, exigindo saber se o socialista apoia o “pagamento da dívida da Catalunha e o direito ao referendo à autodeterminação” da região. Caso contrário, o partido catalão é taxativo e assegura que não “apoiará nenhuma iniciativa deste futuro Governo”.

A imprensa espanhola avança ainda que o partido de Carles Puigdemont não tem gostado dos comentários públicos de Sánchez sobre a polémica em torno da amnistia. No seu discurso no debate da investidura, o primeiro-ministro fugiu à questão durante mais de uma hora e referiu-se ao acordo como algo que pode trazer um “perdão” e uma “reconciliação” na sociedade espanhola dividida.

O Juntos Pela Catalunha terá ficado desagradado com as declarações de Sánchez, considerando que a causa independentista é uma questão de “justiça” e não de “perdão”.

“Não deixamos de ser de ser o partido que impulsionou o referendo e autodeterminação. Ficou claro no acordo assinado de onde viemos e para onde vamos”, referiu Miriam Nogueras.

Na resposta, Sánchez prometeu querer “desjudicializar o conflito político”, mas lembra que nunca se comprometeu em apoiar a realização de um referendo à independência da região espanhola. “Não deixaremos de escutar, é fundamental. Abre-se uma nova etapa. Ainda há muito caminho para recorrer”, assinalou.

PP fala em corrupção política

O presidente do Partido Popular não tem poupado nas críticas ao acordo entre os socialistas e os independentistas e o debate da investidura não foi excepção. “Esta investidura nasce de uma fraude. O que se traz hoje à Câmara não se votou nas urnas”, disse Alberto Núñez Feijóo,

O líder do PP considerou ainda os acordos como “corrupção política” porque “tomar decisões políticas contra o interesse geral em troca de benefícios pessoais é corrupção política”.

Para Feijóo, o socialista Pedro Sánchez está disposto a pagar qualquer preço para se manter no poder, incluindo amnistiar independentistas que atentaram contra a unidade de Espanha e deixar nas mãos destes partidos a governabilidade do país de que não querem fazer parte.

Feijóo acusou Sánchez de “falta de palavra, ausência de restrições morais e de patológica ambição” e considerou que o socialista deixará como legado uma Espanha dividida.

Na resposta a Feijóo, o socialista voltou a apelar à direita espanhola para reconhecer o resultado das eleições e sublinhou que todos os deputados eleitos são igualmente legítimos, incluindo os de partidos independentistas.

“O que diz a Constituição é que se respeite o resultado das eleições, não que se repitam as eleições”, disse Sánchez, que repetiu que o PP não consegue aliados para chegar ao Governo e há uma união de oito partidos em torno do novo Governo de esquerda por causa das alianças dos populares com o Vox, de extrema-direita.

O líder do Vox disse no mesmo debate que os acordos com os independentistas são um golpe de Estado, por atentarem contra a unidade do país, que Sánchez é “um golpista” que devia sentar-se no banco dos réus e que Hitler também chegou ao poder com eleições antes de manipular o resultado e destruir a democracia.

As palavras de Santiago Abascal foram condenadas pela bancada do PSOE e pela presidente do parlamento, Francina Armengol, que pediu ao líder do Vox para as retirar.

Santiago Abascal recusou fazê-lo, repetiu o que tinha dito e, perante as condenações de Armengol e do PSOE, a bancada do Vox abandonou o plenário, um protesto que o partido usa com frequência nos debates parlamentares.

Adriana Peixoto, ZAP // Lusa

2 Comments

  1. Aqui em Portugal há muita gente que fica contentinha por a Catalunha querer ser independente e com isso enfraquecer a Espanha. Se isso acontecesse, a faminta Espanha voltaria a sua atenção para… Portugal. Há séculos tão mal gerido, tão mal aproveitado, e com uma costa atlântica tão apetecível. Um país governado por políticos desonestos, corruptos, medíocres, que crivam um povo passivo, martirizado e miserável com impostos obscenos. Uma população envelhecida, adoentada, decadente, que só liga à bola, à raspadinha e a pirosadas televisivas. A juventude portuguesa, a tal “geração mais bem preparada de sempre” (!), é outro bando de patetas: cultura nenhuma, ignorância entranhada desde há gerações graças ao Ministério da Educação pós-25 de Abril, com ódio à leitura, está rendida às “novas tecnologias”, às redes sociais e a estrangeirismos bacocos. Os nossos universitários não passam de bandos de conformistas e alcoólicos, escravos da fascizante e imbecil Praxe académica. Uma vergonha. É uma questão de tempo que o território português caia sob a alçada espanhola. Basta que um dia uma aguerrida extrema-direita espanhola volte ao poder e Portugal estará feito ao bife!

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