Grupo palestiniano elogia posição de Vladimir Putin na guerra em Gaza. Primeiro-ministro da Hungria vai continuar com a porta aberta ao diálogo com os russos.
O grupo islamita palestiniano Hamas elogiou hoje a posição do Presidente russo sobre o conflito no Médio Oriente, durante conversações políticas mantidas em Moscovo, nas quais as autoridades russas exigiram a libertação imediata dos reféns estrangeiros mantidos em Gaza.
“A delegação valorizou muito a posição do Presidente da Rússia, Vladimir Putin, e também os esforços ativos da diplomacia russa”, afirmou o Hamas, num comunicado citado pela agência estatal RIA Novosti a propósito das conversações mantidas na capital russa entre representantes do braço político do grupo islamita e as autoridades russas.
Na nota informativa, o Hamas destacou que, durante as conversações com o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Mikhail Bogdanov, e o representante especial do Presidente russo para o Médio Oriente e países africanos, foram discutidas formas de travar “os crimes de Israel apoiados pelo Ocidente”.
Na declaração, o grupo islamita defendeu o seu direito de resistir à ocupação israelita com todos os métodos à sua disposição.
Na habitual conferência de imprensa semanal, a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova, confirmou que representantes da ala política do Hamas estavam em Moscovo para consultas com as autoridades russas.
Segundo disseram fontes palestinianas à agência estatal RIA Novosti, o vice-chefe do gabinete político do Hamas, Musa Abu Marzuq, liderou a delegação presente em Moscovo.
Bogdanov revelou hoje que manteve reuniões no Qatar com a liderança política do Hamas para discutir o “destino dos sequestrados” em posse do movimento palestiniano desde o início do conflito com Israel, em 07 de outubro.
Segundo Israel, o braço armado do Hamas mantém pelo menos 224 pessoas raptadas em Gaza, entre as quais pelo menos três cidadãos russos de dupla nacionalidade, segundo o embaixador da Rússia em Telavive, Anatoly Viktorov.
Além disso, pelo menos 23 cidadãos russos morreram nos ataques perpetrados pelo Hamas no sul de Israel no dia 07 de outubro.
A diplomacia russa fez saber hoje que durante as conversações em Moscovo voltou a abordar a questão dos reféns e que exigiu a libertação imediata dos estrangeiros mantidos em Gaza.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros disse que discutiu “a retirada de russos e outros estrangeiros do território do enclave palestiniano”.
Moscovo confirmou também a sua “posição inalterada” a favor da aplicação das resoluções do Conselho de Segurança da ONU e da Assembleia-Geral sobre a criação de “um Estado palestiniano soberano nas fronteiras de 1967, com Jerusalém Oriental como capital e vivendo lado a lado em paz e segurança com Israel”.
A Rússia não reconhece o Hamas como uma organização terrorista, ao contrário de outros atores internacionais, como é o caso dos Estados Unidos e da União Europeia (UE).
Bogdanov, antigo embaixador russo em Israel, também anunciou hoje que o líder da Autoridade Palestiniana, Mahmud Abbas, viajará “em breve” para Moscovo e manterá conversações com Putin.
O Presidente russo condenou o ataque terrorista do Hamas contra Israel, mas também apelou para a proteção dos civis em Gaza.
A visita da delegação da ala política do Hamas a Moscovo coincide com a presença na Rússia do vice-ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Ali Bagheri Kani, que se reuniu na capital russa com o seu homólogo russo, Mikhail Galuzin.
Orbán defende encontro
O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, defendeu hoje o seu encontro com o Presidente russo, Vladimir Putin, e disse estar “orgulhoso” por continuar com a “porta aberta” ao diálogo com o Kremlin, apesar da invasão à Ucrânia.
“Vamos continuar com a porta aberta a todo o diálogo com os russos. Caso contrário, não há qualquer chance de paz […]. É uma estratégia, estou orgulhoso dela”, respondeu o primeiro-ministro da Hungria, à entrada para uma reunião do Conselho Europeu, em Bruxelas, depois de ser questionado sobre o encontro com Putin no dia 17 de outubro.
Orbán reuniu-se com o Presidente da Rússia em Pequim (China) e foi o primeiro líder europeu a encontrar-se com o chefe de Estado russo desde o início da invasão à Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022.
Vladimir Putin tem um mandado de detenção internacional emitido pelo Tribunal Penal Internacional. A Hungria, que faz parte daquela instância judicial internacional, tem a obrigação de deter Putin, caso o Presidente russo entre no território húngaro.
A reunião entre Orbán e Putin foi amplamente criticada dentro e fora da União Europeia.
O Presidente francês, Emmanuel Macron, questionou a utilidade do encontro e disse que “não é positivo” para resolver o conflito.
Já o primeiro-ministro cessante do Luxemburgo, Xavier Bettel, criticou o encontro à luz da Ucrânia, “um país que sofre todos os dias”.
Até hoje, a Hungria subscreveu todos os pacotes de sanções contra a Rússia decididos pelas União Europeia, mas Orbán tentou, por várias vezes, suavizar as consequências que teriam para Moscovo e a linguagem utilizada pelos 27.
// Lusa
Guerra no Médio Oriente
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