Cientistas transferem Alzheimer para animais saudáveis pela primeira vez

(dr) baycrest.org

Verificou-se que o microbioma intestinal desempenha um papel causal na doença de Alzheimer. A equipa identificou também bactérias específicas diretamente ligadas ao declínio cognitivo em pacientes.

O microbioma intestinal desempenha um papel causal na doença de Alzheimer, comprovou estudo que envolveu a transferência de microbiota intestinal de pacientes com Alzheimer para ratos jovens e saudáveis publicado no Brain esta quarta-feira.

A transferência comprometeu a memória de forma semelhante às limitações observadas em humanos afetados pela doença.

A equipa internacional de cientistas conduziu testes em 69 participantes humanos com a doença de Alzheimer e 64 controlos saudáveis, recolhendo amostras de sangue e fezes para investigação.

Um total de 16 ratos jovens adultos receberam, segundo o Science Alert, transplantes de microbiota intestinal de pacientes com Alzheimer, enquanto outros 16 receberam microbiota intestinal de humanos saudáveis. O desempenho da memória e outras características relacionadas com a doença de Alzheimer foram posteriormente avaliados nos ratos.

Pelo menos dez dias após os transplantes, os ratos foram submetidos a testes comportamentais desenhados para avaliar a memória. Aqueles que receberam transplantes do microbioma de pacientes com Alzheimer mostraram comprometimentos significativos de memória.

Estes comprometimentos estavam intimamente ligados a uma redução na neurogénese hipocampal adulta, um processo responsável pela criação de novos neurónios no hipocampo — uma região cerebral crítica para a memória e o humor.

Os investigadores também descobriram alterações no metaboloma hipocampal dos ratos, sugerindo que modificações nos metabolitos podem contribuir para o decréscimo do crescimento de novos neurónios. O sangue de pacientes com Alzheimer diminuiu a neurogénese em células-tronco neurais humanas em ambientes laboratoriais, corroborando ainda mais essas descobertas.

A equipa identificou bactérias específicas diretamente ligadas ao declínio cognitivo em pacientes com Alzheimer. Os pacientes tinham níveis reduzidos de bactérias do género Coprococcus, geralmente associadas ao envelhecimento saudável.

Entretanto, tinham níveis mais elevados de bactérias do género Desulfovibrio, alinhando-se com estudos anteriores sobre a doença de Alzheimer e a doença de Parkinson.

A equipa internacional de cientistas indica assim um novo caminho para o tratamento e intervenção em estágios iniciais para uma doença que até hoje não tem uma cura eficaz ou definitiva.

ZAP //

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