Há 500 milhões de anos, a vida no mar aumentou devido a um arrefecimento; agora dá-se o oposto

Novas evidências científicas sugerem que o arrefecimento global, há cerca de 500 milhões de anos, foi o catalisador para o maior aumento da biodiversidade marinha do planeta Terra.

O Grande Evento de Biodiversificação do Período Ordoviciano, frequentemente designado como “O Big Bang da Diversidade”, viu um aumento substancial de formas de vida marinhas entre 490 e 430 milhões de anos atrás.

Nessa época, surgiram várias novas ordens, famílias e géneros de vida marinha, como, por exemplo, os ouriços e as estrelas-do-mar.

Enquanto hipóteses anteriores para esta explosão biológica incluíam aumentos do nível das águas do mar devido à deriva continental e um aumento no oxigénio atmosférico, novas evidências apontam para uma queda drástica nas temperaturas da superfície do mar tropical – de 40°C para 30°C – como a causa primária.

O líder da nova investigação – Daniel Ontiveros, da Universidade de Lille (França) – explicou que a queda de 10ºC da temperatura da superfície do mar tropical foi provavelmente o fator decisivo para este aumento de biodiversidade.

“No início do Ordoviciano, o oceano era muito quente (…) Apenas algumas espécies conseguiam suportar as altas temperaturas”, explicou o investigador, citado pela New Scientist.

Até que… o arrefecimento global veio tornar os oceanos mais habitáveis, permitindo que mais espécies prosperassem e crescessem, especialmente em águas tropicais que antes eram demasiado quentes para a maioria das formas de vida marinha.

Atualmente, o aquecimento global está a tornar os oceanos cada vez menos habitáveis, o que, inevitavelmente, leva à extinção de espécies.

O estudo, publicado esta terça-feira na Nature, vem adicionar linhas orientadoras sobre a forma como as alterações climáticas do passado influenciaram a vida e a biodiversidade do presente.

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