Os ecos da Jornada Mundial da Juventude, que este domingo se despediu dos cerca de milhão e meio de jovens que encheram Lisboa, chegaram a Espanha.
Entre as centenas de milhares de pessoas que esta semana acorreram a Lisboa para dar ao Papa Francisco sucessivos banhos de multidão, não faltaram jovens católicos do país vizinho — cerca de 300 mil, de acordo com estimativas da Santa Sé.
No meio da alegria e entusiasmo com que estes jovens celebraram a sua fé e saudaram a visita do Sumo Pontífice a Portugal, não faltaram cânticos e danças.
Alguns destes cânticos, aparentemente considerados impróprios por nuestros hermanos, chegaram ao país vizinho — e deixaram meia Espanha revoltada.
Este sábado, circulou nas redes sociais um vídeo com um grupo de jovens a cantar o hino franquista “Cara al sol”.
Entre manifestações de apoio e reações de revolta, o vídeo levantou uma onda de comentários — alguns dos quais bastante contundentes. É o caso do historiador espanhol Manuel Márquez, que não hesitou em mostrar a sua indignação num post no seu perfil no X-Twitter.
“Vamos para bingo! Jovens católicos espanhóis a cantar o hino fascista ‘Cara al sol’ em Lisboa, na JMJ. Não lhes chames apenas nacionalcatolicistas, chama-lhes o que são: uns malditos fascistas“, escreveu Márquez.
¡Vamos para bingo!
Jóvenes católicos españoles cantando el himno fascista del “Cara al sol” en #Lisboa #Portugsl en la #JMJ2023 #JMJLisboa2023
No les llames solamente nacionalcatolicistas, llámales lo que són, unos malditos #fascistas. pic.twitter.com/9fDyrGro8A— Manel Márquez (@manelmarquez) August 5, 2023
Antes, um outro grupo de jovens espanhóis tinha chegado às redes sociais do país vizinho após ter entoado, com notório entusiasmo e alegria, numa viagem no metro de Lisboa, o slogan “Qué te vote Txapote“, pregão dirigido ao primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez e popularizado pelo partido de extrema-direita VOX na campanha das recentes eleições legislativas em Espanha.
O controverso slogan é uma referência a Francisco Javier García Gaztelu, antigo terrorista da ETA conhecido como Txapote e um dos principais dirigentes da organização separatista basca.
“Num comboio em Lisboa, jovens que foram à JMJ divertem-se a entoar ‘Que te vote Xapote’. A maioria não sabe o que estavam a cantar, mas é uma vergonha que os guias tenham permitido algo assim“, escreve no Twitter o Secretario da Memoria Histórica da Juventude Socialista de Málaga, Luis Jiménez Navarrete.
‼️En el tren de cercanías de Lisboa, los jóvenes que han ido a la JMJ se divierten entonando el “Que te vote Txapote”
👉 La mayoría no sabrán lo que cantan, pero es vergonzoso que los monitores permitan algo así, lo harían si fuese “que te vote el narco del bote”? Lo dudo. pic.twitter.com/iEwyrDkqjV
— Luis Jiménez Navarrete (@luisjimnav) August 3, 2023
O slogan do VOX, “Que vote em ti Xapote, Sánchez”, associa a extinta organização terrorista basca ao primeiro-ministro espanhol, que após as eleições legislativas de 2019 precisou da abstenção da Euskal Herria Bildu, coligação basca separatista e de extrema-esquerda, para formar governo.
Dois anos mais tarde, novas eleições deram uma vitória com cheiro a derrota, sem maioria absoluta, aos conservadores do Partido Popular, na oposição, liderados por Alberto Núñez Feijóo — que parece não ter condições para formar governo.
Está assim à vista uma nova Coalicion Frankenstein de partidos de esquerda e extrema-esquerda para apoiar um governo de Sánchez — ou a repetição do ato eleitoral no país vizinho.
As eleições em Espanha ainda não acabaram, estão bem quentes, e foram trazidas à Jornada Mundial da Juventude pelos jovens peregrinos que atravessaram a fronteira para ver o Papa.
Num país que viveu uma guerra civil traumática, uma ditadura sanguinária e décadas de terrorismo com centenas de vítimas e milhares de feridos, alguns temas são delicados, algumas feridas estão por sarar. A sociedade espanhola está mais do que nunca polarizada, a discussão política radicalizou-se.
Em Espanha mais do que noutros países, torna-se assim particularmente difícil traçar a ténue linha que separa o intolerável da sagrada liberdade de expressão.
Jovens católicos, meninos bem que frequentam colegios que inflacionam as notas e fazem batota nos exames para entrarem nos melhores cursos das universidades públicas pagas pelos contribuintes..
E as nossas por cá, cantavam “eu levo no pacote”.
“Meninos” que se dizem preocupados com o ambiente… acabo de ver o que restou deste festejo > um mar de resíduos, principalmente plástico, milhares e milhares de garrafas (muitas praticamente cheias) que serão, em parte, apanhadas por cantoneiros que por lá estão dos municípios de Loures e Lisboa, a ganhar € 7,60 à hora (brutos). A maioria destas embalagens irá para a incineradora ValorSul que é mesmo ali ao lado… também se podia ver lata de atum/salsichas ou abertas ou por abrir, pão bem como um desperdício brutal de água junto aos bebedouros, que originou um lamaçal.
“Meninos” que não respeitam as passadeiras, pensando que as regras que regulam o trânsito de peões e veículos está suspensa durante o evento.
Mas estão os nossos governantes muito contentes com o evento… gostava que alguma entidade avalia-se (sem qualquer suspeita) qual a dimensão da pegada ecológica deste evento.
Não podemos consentir que a coberto de um credo qualquer se faça a apologia do fascismo. Mas infelizmente estas situações vão repetir-se, porque elas fazem parte de uma tentativa de levar os países ao caos.
Não podemos andar distraídos. Estes fascista , a coberto de um credo religioso quere o caos. Eles são formigas que trabalham para os Engenheiros do caos.
Tens experiência disso, Zé Ninguém!
Está na hora … do Marxismo ir embora com o seu cortejo de mentiras, aldrabices rascas e subserviência a Deuses Menores!