“Todos os caminhos vão dar a Roma”. Já todos ouvimos dizer e a ciência já nos mostrou que o ditado popular é realmente verdade. E a riqueza gerada por estas estradas há 2 mil anos está ainda hoje relacionada com o desenvolvimento das cidades que as rodeiam.
A expressão popular acima mencionada espelha todo o esplendor do Império Romano num sentido quase literal.
De acordo com historiadores, foi no ano 117 que os romanos atingiram o auge da sua expansão geográfica. a sua rede de caminhos e estradas percorria 80 mil quilómetros — cerca de duas voltas inteiras à Terra.
Estas estradas serviam para o transporte de tropas e mantimentos, que iam abastecendo o Império conquista após conquista. Mais tarde, estes caminhos tornaram-se rotas de comércio e de transmissão de mensagens.
Todos estes caminhos conectavam a Europa, o Médio Oriente e o norte de África. Atualmente, ainda é possível percorrer estas rotas – e, ao que parece, não têm apenas caráter turístico.
Em 2018, um grupo de economistas da Universidade de Copenhaga, na Dinamarca, concluiu que a riqueza gerada por estas estradas – há quase dois mil anos – está ligada ao desenvolvimento das cidades e localidades que atualmente as rodeiam.
Para chegar a esta conclusão, os investigadores compararam um mapa da antiga rede de estradas romanas com um mapa noturno de 2010 – em que é possível ver as áreas mais ou menos iluminadas pela rede elétrica.
E, para os economistas é claro: quanto mais luz, maior o progresso económico da localização. Para complementar a investigação, foram também recolhidas estatísticas anuais da população, densidade das estradas e produção económica.
Os resultados finais apontam claramente que os lugares mais próximos das antigas rotas romanas tendem a coincidir hoje em dia com os locais onde existem mais acessos, pessoas e desenvolvimento económico.
Os pesquisadores concluíram que o desenvolvimento de diversas cidades europeia ainda “se deve à persistência de uma notável infraestrutura construída há dois mil anos”, aponta o estudo.
A importância da roda
No entanto, os cientistas perceberam que a relação entre o número de estradas e o desenvolvimento atual não era tão claro no Médio Oriente e no norte da África.
E os cientistas explicam porquê: entre os anos 500 e 1000, o transporte mais utilizado nestas regiões eram caravanas de camelos, em vez de carroças puxadas por bois. A utilização das caravanas era mais rentável, mas não exigia pavimentação das superfícies e manutenção, perdendo-se assim a possibilidade de manter os acesso durante séculos.
Por tudo isto, e de acordo com o estudo, o investimento em infraestruturas é um fator-chave na procura de um desenvolvimento sustentado e durável.
ZAP // BBC