A 26 de julho de 1959, William Rankin ficaria preso num cúmulo-nimbo — o vilão do universo das nuvens — durante 40 minutos. “O Homem que Cavalgou o Trovão” sobreviria para contar a história aterrorizante.
O Tenente-Coronel William Rankin foi uma de apenas duas pessoas que deram por si numa nuvem de tempestade e viveram para partilhar a sua aterrorizante experiência.
Pelas seis da tarde de 26 de julho de 1959, Rankin voava o seu Vought F-8 Crusader, acompanhado de Herbert Nolan, no seu próprio avião.
Conscientes de uma tempestade, os dois optaram sobrevoar as nuvens duvidosas, altura em que o seu caça supersónico, sem qualquer explicação aparente, parou.
Rankin, com 39 anos, teve de tomar uma decisão rapidamente. Das duas, uma: ou ficava na aeronave e arriscava despenhar-se, ou ejetava-se, sem fato de pressão, para uma atmosfera de -50ºC. O Coronel optaria pela segunda opção.
Ao puxar a alça de ejeção a 15 mil metros de altitude, Rankin deixou imediatamente de conseguir respirar devido à falta de oxigénio no ar.
Sangue escorria dos seus olhos e orelhas, impulsionado pela pressão atmosférica, que também incharia exageradamente o seu abdómen.
“Tive uma terrível sensação de que o meu abdómen estava inchado e do dobro do seu tamanho. O meu nariz parecia estar a explodir.”, recordou o piloto, segundo a revista Time.
Para melhorar a situação, o piloto perdeu uma das luvas no processo, o que provocou o congelamento da sua mão.
Com oxigénio de emergência e um paraquedas pouco capaz num conceito de tempestade, Rankin não tinha noção que o pior ainda estava para vir.
Cúmulo-nimbo — o vilão que tramou Rankin
Preso numa enorme tempestade, o Coronel estava a entrar num cúmulo-nimbo — o vilão do universo das nuvens, capaz de produzir trovões, raios e granizo e formador de colunas de camadas de nuvens aterrorizantes.
A experiência falou mais alto e Rankin conseguiu racionalizar. Sabendo que poderia morrer se abrisse o paraquedas naquele momento, o piloto ativou um barómetro que o abriria automaticamente quando a sua altitude atingisse os 3 mil metros.
Assim, Rankin seria atirado para todos os lados dentro da intensa nuvem ventosa, ameaçado pela presença constante de raios e trovões.
Eventualmente, o seu paraquedas abriu-se… o que, para seu espanto, ainda lhe causaria mais problemas.
O barómetro havia sido despoletado acidentalmente pelas pressões da nuvem, o que fez com que Rankin — agora com o paraquedas aberto — fosse arrastado ao longo da coluna da formação de vapor de água. Para cima… para baixo… repetidamente, o piloto quase se afogava enquanto se desviava de pedaços de gelo e prendia a respiração dentro dos possíveis.
Só 40 minutos depois é que a terrorífica formação atmosférica o deixou partir. Rankin colidiu com uma árvore e conseguiu, sozinho, procurar ajuda, com apenas algumas lesões de descompressão.
“Parecia uma queda-livre infinita”, confessou o piloto. “Tudo o que eu via eram nuvens.”
Após o acidente, o corajoso piloto voltou ao serviço e viveu uma longa vida, até morrer em 2009, com 88 anos. A sua história ficou registada num livro da sua autoria: “O Homem que Cavalgou o Trovão”.
“Para melhorar a situação, o piloto perdeu uma das luvas no processo, o que provocou o congelamento da sua mão.”
Olha se piora-se…