O reino terá sido engolido pelo mar como um castigo pelos crimes contra Deus cometidos pela população.
Há muitas cidades submersas por todo o mundo, tal como a mítica Atlântica. Uma delas é a Lyonessee, um lendário reino inglês antigo que se terá perdido na água.
A primeira referência a Lyonesse data de 1485, no livro Le Morte d’Arthur escrito pelo Sir Thomas Malory. O livro é uma coleção de histórias da vida do rei Artur e dos Cavaleiros da Távola Redonda.
Por lá, há a história de Tristão e Isolda, semelhante ao romance de Romeu e Julieta, que conta como um casal oriundo de dois reinos em guerra acaba por ter de se separar por causa das suas famílias, morrendo depois nos braços um do outro.
Um detalhe que passa despercebido no meio da história é o facto de que Tristão é descrito como o filho do rei de Lyonesse. De acordo com a tradição local, o reino era rico e próspero, com grandes cidades, terras férteis, mais de 140 igrejas e a sua própria catedral, relata o IFLScience.
Até que, numa noite, o reino desapareceu.
Em 1099, ou talvez em 1089, ou até tão cedo como o século VI — dependendo da versão da lenda que se lê — o reino terá sido engolido inteiramente pelo mar numa única noite.
Segundo a lenda, a submersão terá sido um castigo divino contra a população de Lyonesse, que terá cometido um crime contra Deus tão ofensivo que o país teve de ser eliminado. Nenhuma das versões da lenda especifica que ofensa tão grave terá sido esta, mas o que é certo é que o reino foi varrido da terra e não restaram sobreviventes.
Ou será que houve? A tradição local indica que um caçador chamado Trevelyan terá sido o único que conseguiu escapar, montado num cavalo. A identidade deste suposto sobrevivente é desconhecida e até hoje ainda há quem alegue ser descendente de Trevelyan. A lenda diz que o cavalo de Trevelyan perdeu uma ferradura durante a fuga e há várias famílias que incluem a ferradura no seu brasão por esta razão.
Mas há provas concretas sobre a existência do reino? Em 2009, depois da descoberta de uma floresta submersa nas ilhas de Scilly – as ilhas a oeste da Cornualha que, teoricamente, teriam formado a costa de Lyonesse –, uma equipa de arqueólogos de Inglaterra e do País de Gales aventurou-se num projeto de sete anos em busca de sinais da terra perdida.
Quando os resultados foram publicados, indicaram que talvez a lenda tenha tido alguma base na realidade. “Um aspeto notável do ambiente histórico de Scilly é a presença de paredes de pedra e outros restos abaixo da maré alta, resultado da submersão de terras baixas pelo aumento gradual do nível do mar. O momento e a natureza das mudanças nas áreas de terra e a separação das ilhas individuais foram, no passado, objeto de muitas conjecturas e debates”, afirma o estudo.
No entanto, estas paredes de pedra não terão nada a ver com a lenda do reino inglês perdido.
“Os novos dados mostram que o período de 500 anos entre 2500 e 2000 A.C. viu a mais rápida perda de terra em qualquer época da história de Scilly – equivalente a perder dois terços de toda a área moderna das ilhas. Depois disso, a taxa de mudança diminuiu significativamente, de modo que, por volta de 1500 A.C., o padrão de ilhas estava se aproximando do atual”, afirmou Charlie Johns, Diretor de Projetos de Arqueologia da Unidade Arqueológica da Cornualha.
Não há certezas científicas, mas continuam a haver pescadores locais que dizem que por vezes conseguem ouvir os sinos as igrejas de Lyonesse a tocar por baixo dos seus barcos.