Uma equipa de cientistas que investiga a rajada rápida de rádio FRB 20190520B, que se repete há mais de um ano, descobriu sinais da presença de um campo magnético, forte mas altamente variável, à sua volta.
Desde que os cientistas descobriram as rajadas rápidas de rádio (FRBs), em 2007, nunca conseguiram compreender estas explosões por completo.
Os flashes intensos e poderosos de ondas de rádio – que, em apenas milissegundos, podem produzir mais energia do que o Sol durante vários dias – permanecem, então, um autêntico mistério.
Contudo, uma nova investigação, publicada na Science no dia 11 de maio, acaba de dar novos detalhes que apoiam uma teoria sobre as suas origens.
Cientistas da West Virginia University que estudam o FRB 20190520B há mais de um ano – uma rajada rápida de rádio residente numa galáxia anã a cerca de quatro mil milhões de anos-luz da Terra – determinou que a origem mais provável desta explosão é um objeto denso, provavelmente uma estrela de neutrões, com um companheiro binário.
“Os nossos resultados sugerem que a fonte desta explosão cósmica pode ser um sistema binário constituído por uma estrela de neutrões que gira graças a ventos de plasma denso e magnetizado produzidos por uma estrela companheira maciça ou mesmo por um buraco negro”, escreveram os investigadores num artigo publicado no The Conversation.
A rajada rápida de rádio mais rara de todas
Embora a maioria dos FRBs sejam eventos únicos e de curta duração, o FRB 20190520B repete-se há mais de um ano, um detalhe que o torna um alvo ideal para estudos de longo prazo.
Aliás, é conhecido por ser a rajada rápida de rádio mais rara de todas, já que é a única que nunca descansa, produzindo explosões algumas vezes por hora, por vezes em múltiplas frequências de rádio.
Ao longo de 17 meses, a equipa observou o FRB 20190520B usando o Parkes Radio Telescope, na Austrália, e o Robert C. Byrd Green Bank Telescope, nos Estados Unidos.
Os cientistas descobriram que o FRB produz sinais fortes em frequências de rádio relativamente altas, que se revelaram ser altamente polarizados. Isto significa que as ondas eletromagnéticas estão a “ondular” muito mais fortemente numa direção do que noutras.
Por sua vez, também se aperceberam de que a direção desta polarização muda em diferentes frequências e a sua medição acabou por sugerir que o ambiente à volta do FRB 20190520B é altamente magnetizado.
A força do campo magnético também pareceu variar ao longo a investigação, tendo inclusive mudado de direção duas vezes. A mudança de direção do campo magnético em torno de uma rajada rápida de rádio nunca tinha sido observada antes.
Os resultados deste estudo vêm dar força à teoria que defende que as misteriosas rajadas rápidas de rádio envolvem sistemas binários constituídos por uma estrela de neutrões e uma estrela maciça ou um buraco negro.