Primeiro-ministro entrou em rota de colisão, publicamente, com o ex-governador do Banco de Portugal. Presidente da República vai depor.
A “novela” começou há cerca de meio ano, quando foi publicado o livro O Governador.
O livro escrito pelo jornalista Luís Rosa é sobre Carlos Costa, antigo líder do Banco de Portugal – e está repleto de revelações controversas.
Uma delas está relacionada com uma aparente pressão de António Costa. O primeiro-ministro, lê-se no livro, disse a Carlos Costa para não tirar Isabel dos Santos do Eurobic.
Carlos Costa, então governador, queria afastar Isabel dos Santos e o seu sócio Fernando Teles, para o banco público não ficar “colado” ao BIC Angola – mas António Costa terá escrito que “não se podia tratar mal a filha do presidente (José Eduardo dos Santos) de um país amigo (Angola)“.
Logo na altura, o primeiro-ministro rejeito essa mensagem e criticou estas acusações “ofensivas da honra, bom nome e consideração”.
O processo avançou para os tribunais. António Costa exige que Carlos Costa “se retrate” destas afirmações.
Neste processo cível, o primeiro-ministro pediu ao presidente da República que seja testemunha. Marcelo Rebelo de Sousa aceitou e vai depor, anuncia o jornal Expresso.
O pedido foi feito em Março e Marcelo vai seguir o que já disse publicamente, em Novembro do ano passado sobre o caso BPI: “Estávamos todos de acordo (presidente da República, Governo e Banco de Portugal) quanto ao que era preciso fazer”.
“Em nenhum momento algum dos intervenientes jamais pensou deixar de aplicar a lei que era desfavorável a Isabel dos Santos”, assegurou o presidente da República. O Governo tinha de intervir porque “o Banco de Portugal, por si só, não tinha solução”.
Recorde-se que Isabel dos Santos, então accionista do BPI, perdeu idoneidade junto do Banco Central Europeu – exigia a desblindagem dos estatutos do banco, para facilitar a saída da empresária do banco. O Governo aprovou a legislação necessária, o presidente da República promulgou-a logo a seguir.