Com as possibilidades trazidas pela tecnologia, cientistas planeiam alterar os genes de determinados vegetais para melhorar o seu sabor.
Já foi possível fazer isto com a couve-de-bruxelas, através de cruzamentos que pudessem gerar brotos com menos glucosinolatos, uma substância química responsável pelo amargo do vegetal.
O interesse em priorizar o sabor dos vegetais está em crescimento, em parte graças à nova tecnologia genética, como a técnica de edição genética CRISPR e o sequenciamento de ADN. Os próprios agricultores reconhecem que nunca houve um momento melhor para cultivar frutas ou vegetais, tendo em conta o acesso sem precedentes a ferramentas e técnicas.
Com isso, algumas empresas procuram essas ferramentas para enfrentar o desafio de desenvolver vegetais mais saborosos. É o caso da Pairwise, que se concentra em combater os mesmos compostos que dão o amargo às couves-de-bruxelas.
Basicamente, os cientistas da Pairwise querem usar o CRISPR para editar a mostarda-castanha para desativar os genes que codificam uma enzima chamada mirosinase, que decompõe os glucosinolatos e cria amargor quando a folha é mastigada. A ideia é obter um vegetal menos amargo.
Enquanto a Pairwise está a cortar as sequências de genes que produzem uma enzima que interfere no sabor, uma empresa chamada Sound Agriculture concentra-se em criar tomates mais saborosos usando epigenética, ou seja, alterando a expressão dos genes em vez dos próprios genes.
Entender como modificar precisamente a expressão para obter o resultado desejado ainda é um trabalho em andamento, mas as empresas envolvidas reconhecem que a ciência da epigenética em plantas é algo que está a evoluir muito rapidamente.
A proposta é que produtos mais saborosos nas prateleiras dos supermercados convençam as pessoas a consumir as quantidades recomendadas de frutas e vegetais.
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