Uma nova espécie de fitossauro, um réptil parecido com um crocodilo que viveu há mais de 215 milhões de anos, foi descoberta em Jameson Land, na Gronelândia, por uma equipa de paleontólogos portugueses.
Uma equipa de investigadores do Departamento de Ciências da Terra da NOVA School of Science & Technology | FCT NOVA descobriu uma nova espécie de fitossauro — um bizarro réptil parecido com um crocodilo, do Triásico Superior.
O fóssil, descoberto numa das expedições feitas na região de Jameson Land, na Gronelândia, inclui porções do crânio, mas principalmente de ossos pós-cranianos.
A nova espécie, agora identificada como Mystriosuchus alleroq, viveu há mais de 215 milhões de anos.
A descoberta foi feita em conjunto com investigadores da Dinamarca e Alemanha, numa expedição internacional em 2012, mas só agora foi apresentada, num artigo publicado na revista Journal of Vertebrate Paleontology.
Segundo Octávio Mateus, professor da FCT NOVA e um dos investigadores que fizeram a descoberta, o fóssil encontrava-se num “local que continha pelo menos quatro fitossauros numa única camada de ossos, o que é raro e espectacular”.
Em 2016, o paleontólogo português anunciou a descoberta, também na Gronelândia, de um dos primeiros animais do Atlântico primitivo — um plesiossauro com cerca de 200 milhões de anos, e dos primeiros animais marinhos a explorar aquela zona, no início da separação dos continentes europeu e norte-americano.
Expedições paleontológicas à Gronelândia Oriental têm sido feitas desde o início do século XIX, mas apenas durante expedições em 2012 e 2016 foram encontrados os primeiros restos de fitossauros.
Os fitossauros viveram no Triásico, em quase todos os continentes, mas, apesar das semelhanças com os crocodilos, estes dinossauros não pertencem à mesma família de répteis.
De acordo com Víctor López-Rojas, estudante de doutoramento da FCT NOVA e primeiro autor do estudo, os fitossauros distinguem-se dos demais répteis pelo seu “nariz retraído para a parte posterior do crânio, perto dos olhos”.
Através da análise de restos dos quatro indivíduos encontrados, incluindo bebés, jovens e adultos maduros, os investigadores puderam compará-los com outros fitossauros, de modo a identificá-los como uma nova espécie, e compreender a sua ontogenia.
Um espécime foi preparado na Alemanha e no Museu da Lourinhã, em Portugal, podendo ser visto no museu português.
Esta descoberta enquadra-se em estudos anteriores sobre as afinidades faunísticas da Gronelândia Oriental e da Europa no final do Triássico, com novas espécies de anfíbios gigantes, peixes, ou dinossauros primitivos descritos — e, agora, o fitossauro “Mystriosuchus alleroq“.
ZAP // FCT NOVA