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Rachmaninoff, o “neurótico” destruidor salvo pela auto-sugestão (ou pela hipnose?)

ZAP

Sergei Vasilievich Rachmaninoff, um pianista e maestro russo, visto como um génio – com alguns “picos mentais”. Faria 150 anos neste sábado.

Virtuoso. Muita força. Muita expressão. A música exprime sentimentos e emoções por ele, de uma forma rara.

Nasceu ainda no século XIX mas é considerado, quase por unanimidade, como um dos homens mais influentes do século XX em frente a um piano.

Sergei Vasilievich Rachmaninoff nasceu em Semyonov, na zona oeste da Rússia, no seio de uma família nobre.

Os seus pais já eram pianistas e foi com a sua mãe que Rachmaninoff começou, cedo, a ter aulas de piano.

Diz a História que os seus pais não viam (ou ouviam) nada especial no seu filho, enquanto pianista.

No entanto, já em São Petersburgo, entrou no conservatório local e, a partir daí, transformou o piano na sua vida.

Rachmaninoff é visto como um dos pianistas de topo da música erudita, ainda inserido no romantismo de Beethoven, Schubert ou Verdi – embora em diferentes fases.

Mas havia o outro lado de Sergei Rachmaninoff: um jovem preguiçoso, que faltava a muitas aulas (preferia patinar) e um “neurótico”, já enquanto adulto.

Nestes dias recupera-se o nome Rachmaninoff porque nasceu a 1 de Abril de 1873. Ou seja, completaria 150 anos neste sábado.

Fomos ouvi-lo, em vários discos, na Fonoteca Municipal do Porto. Um deles é Rachmaninoff: concerto n.º 2 para piano e orquestra / Rapsódia sobre um tema de Paganini. Com o pianista Gary Graffman e com Leonard Bernstein, na filarmónica de Nova Iorque.

Destacou-se o texto apresentado na contra-capa deste disco de 1964. Um texto adaptado por Maria de Lourdes Faria e César Batalha.

Este concerto n.º 2 para piano e orquestra, em dó menor, foi escrito entre 1900 e 1901, apenas 10 anos depois do concerto n.º 1.

Tanto tempo entre as duas obras? Sim.

Rachmaninoff era sensível. Não ficava satisfeito com o que fazia. E, quando às suas críticas se juntaram as críticas de outras pessoas, a sua depressão piorou.

Tornou-se mesmo um “neurótico” e até destruiu a partitura da Sinfonia n.º 1 depois da primeira audição dessa composição. Uma sinfonia que, mesmo assim, chegou até nós porque outros rascunhos foram guardados ocasionalmente.

Pouco antes de começar a escrever este concerto, em 1900, o russo tinha desistido de compor. Apatia, depressão.

Foi “salvo” pelas sessões de auto-sugestão com Dr. Dahl. Eram sessões muito requisitadas há 100 anos, nas quais o doente repetia as sugestões positivas nas sessões diárias, o que ajudaria a reduzir as impressões negativas.

A ideia repetida pelo médico e pelo próprio músico era: “Vou começar a escrever o meu concerto. Vou trabalhar sem dificuldades. O concerto será uma grande obra”.

Até há quem pense que este Concerto n.º 2 foi criado sob hipnose.

Com ou sem hipnose, o pianista agradeceu muito a Dahl, sentiu-se curado e a partir daí a sua mente ficou quase inundada de ideias musicais. Ainda em 1900, concluiu o Adagio e o Finale desta obra, além do esboço da Suite para dois pianos, Op. 17. Tudo em algumas semanas.

Mas, mais uma vez, precisava de se sentir aplaudido. Fez uma experiência: tocou os dois andamentos já completos (Adagio e Finale) num concerto com fins solidários. O público reagiu com entusiasmo e o russo ficou convencido: avançou.

Mais tarde, em 1934, criou uma rapsódia sobre um tema de Niccolò Paganini, compositor italiano que tinha morrido cerca de um século antes. Mais uma obra brilhante, mais um êxito, quer no cinema, quer na rádio.

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