Afinal, o “paradoxo da obesidade” não existe

A pesquisa descobriu que o paradoxo se devia ao uso do IMC como métrica para definir quem é obeso.

Um novo estudo publicado na European Heart Journal desmistificou o “paradoxo da obesidade” — a ideia de que as pessoas com excesso de peso ou obesas têm uma maior probabilidade de sobreviverem após sofrerem insuficiência cardíaca.

Muitos dos estudos anteriores que apontavam para este fenómeno usavam o índice de massa corporal como o indicador que determinava se alguém tinha peso a mais. Esta correlação é contraintuitiva, já que a obesidade aumenta a probabilidade de se ter problemas de coração, não fazendo portanto sentido que o excesso de peso estivesse associado a uma maior taxa de sobrevivência.

Nesta pesquisa, os investigadores usaram antes a proporção entre as medidas da cintura e das ancas e descobriram que esta correlação desapareceu, o que levanta ainda mais dúvidas sobre a fiabilidade do IMC enquanto métrica médica.

“Tem sido sugerido que viver com obesidade é bom para pacientes com insuficiência cardíaca. Sabíamos que isso não poderia estar correto e que a obesidade deveria ser má, e não boa. Consideramos que parte do problema era que o IMC era um indicador fraco de quanto tecido adiposo um paciente tinha”, afirma John McMurray, autor principal do estudo.

Os cientistas recrutaram 1832 mulheres e 6567 homens que foram hospitalizados com insuficiência cardíaca e analisaram os seus IMC, descobrindo novamente que os pacientes com um IMC mais alto recuperaram melhor após o internamento.

Os autores ajustaram depois estes resultados com medidas diferentes, principalmente a proporção entre a cintura e anca, a circumferência da cintura e outros bioindicadores como os peptídeos natriuréticos, que são considerados os melhores marcadores de insuficiência cardíaca, relata o IFLScience.

Quando tiveram em conta estes fatores, a correlação paradoxal desapareceu. Os cientistas notaram, no entanto, uma forte correlação entre IMC alto, proporção cintura-altura alta e o início da insuficiência cardíaca.

Os resultados indicam que o IMC não é um indicador fiável de riscos para a saúde relacionados com a obesidade e os cientistas devem explorar outras métricas como alternativas.

ZAP //

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