Nave alienígena? Cientistas podem ter desvendado o mistério do Oumuamua

ESA / M. Kornmesser / European Southern Observatory

Impressão de artista do primeiro asteróide interestelar: ‘Oumuamua.

Um novo estudo pode ter finalmente encontrado uma explicação para o Oumuamua, um misterioso objeto em forma de charuto que já se equacionou ser uma nave extraterrestre.

Em 2017, um objeto estranho, alongado e do tamanho de um campo de futebol foi visto a viajar pelo Sistema Solar a 315 mil quilómetros por hora, puxado por uma força invisível sem explicação.

O objeto foi mais tarde apelidado Oumuamua e os cientistas acreditavam que poderia ter sido o primeiro visitante de fora do Sistema Solar a ser observado diretamente. Em forma de charuto, tem 400 metros de comprimento e cerca de 40 metros de largura.

Já muitas hipóteses procuraram decifrar do que se tratava, havendo até uma teoria que defende que o Oumuamua é uma sonda enviada por uma civilização extraterrestre.

Já foi também considerado um possível icebergue cósmico, uma bola de poeira, um “primo” de Plutão e, para os amantes de teorias da conspiração, até uma nave alienígena.

Agora, cientistas podem ter finalmente desvendado o mistério do Oumuamua, cujo nome significa “mensageiro das estrelas” em havaiano. Foi uma forma de honrar o local onde foi observado pela primeira vez, através do telescópio Pan-STARRS1, do Observatório Haleakala, no Havai.

Cientistas apresentaram uma explicação natural que explica os comportamentos mais estranhos de Oumuamua, incluindo o seu intrigante aumento de velocidade ao atravessar o Sistema Solar.

O estudo sugere que os vários anos do objeto no espaço interestelar deixaram-no com uma abundância de hidrogénio molecular, que foi transformado em gás na presença do Sol.

Os autores do artigo científico, citados pela VICE, explicam que o “mecanismo pode explicar muitas das propriedades peculiares de Oumuamua” e fornece mais pistas de que Oumuamua teve origem como “uma relíquia planetesimal amplamente semelhante aos cometas do Sistema Solar”.

Assim, esta teoria deita por terra a ideia de que os movimentos bizarros do objeto estão relacionados com alguma tecnologia potencialmente desenvolvida por extraterrestres.

“Dadas as informações que temos, acho que esta é a nossa melhor esperança de explicar Oumuamua sem ter que recorrer a ideias mais sensacionalistas”, disse a autora principal do estudo, Jennifer Bergner, em declarações à VICE. “Estamos empolgados com esta ideia porque parece muito genérica e uma explicação natural para um processo que deveria estar a acontecer de qualquer maneira”.

Um estudo de 2019 argumentou que não há provas que sustentem uma ligação alienígena do Oumuamua porque as suas “propriedades são consistentes com uma origem natural”, propondo antes que o objeto é um fragmento de um bloco de construção planetário que está a flutuar pelo nosso Sistema Solar.

A investigação de Bergner inspirou-se na ideia de que o Oumuamua é um icebergue cósmico. A teoria era de que o objeto é feito de hidrogénio sólido extremamente raro, que ferveu na superfície, dando ao objeto a sua forma distinta e explicando a sua velocidade.

Bergner argumenta agora que Oumuamua nasceu algures num sistema planetário distante como um objeto comum, semelhante a um cometa. A dada altura, há centenas de milhões de anos, libertou-se e começou a longa jornada pelo Espaço interestelar, onde os raios cósmicos atingiram a água presa no seu corpo e libertaram átomos de hidrogénio, que se recombinaram como moléculas de hidrogénio.

Segundo os autores do artigo, o efeito hidrogénio deverá acontece em cometas normais, mas provavelmente não afeta a sua velocidade ou trajetória, a menos que sejam muito pequenos, como o Oumuamua.

Daniel Costa, ZAP //

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