A depressão é diferente entre homens e mulheres. E a prova está no nosso ADN

A depressão é complexa, individual e na maioria das vezes ligada a um conjunto de outros estímulos e comorbidades. Em 2021, um olhar sobre 1,2 milhões de pessoas encontrou 178 variantes de genes ligados à depressão e confirmou que o nosso ADN desempenha um papel fundamental na doença mental.

Agora, investigadores da Universidade McGill, no Canadá, desenvolveram modelos de diagnóstico e tratamento tendo em consideração o género do indivíduo, depois de terem encontrado ligações genéticas distintas para a depressão entre os genomas masculino e feminino, relatou o New Atlas.

Neste novo estudo, publicado na Molecular Psychology, a equipa analisou mais de 270.000 indivíduos, cujos dados foram retirados do Biobank do Reino Unido, tendo descoberto que os métodos de previsão mediante o género eram muito mais precisos na avaliação do risco depressão do que na análise conjunta.

Os investigadores encontraram 11 áreas de ADN ligadas à depressão nas genomas femininos e apenas uma nos genomas masculinos, descobrindo ainda que a doença está associada a doenças metabólicas nas fêmeas.

O estudo revelou ainda que tanto os homens como as mulheres partilhavam problemas com a proteína BMAL1, um regulador de ritmos circadianos. A insónia foi um sintoma significativo que ambos os géneros partilharam quando se tratou da depressão.

“Este é o primeiro estudo a descrever variantes genéticas específicas do género associadas à depressão, uma doença muito prevalente tanto nos homens como nas mulheres”, disse Patricia Pelufo Silveira, autora principal e professora associada no Departamento de Psiquiatria da Universidade McGill.

“Estas descobertas são importantes para orientar o desenvolvimento de terapias específicas que beneficiarão tanto os homens como as mulheres, ao mesmo tempo que têm em conta as suas diferenças”, acrescentou.

Entre as suas complexidades está o facto de a depressão variar tanto a nível da gravidade, dos sintomas e dos padrões de episódios, no entanto, estima-se que cerca de 280 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem com a condição. É também uma das responsáveis pelas 700.000 suicídios por ano.

“Na clínica, a apresentação da depressão é muito diferente para homens e mulheres, bem como a sua resposta ao tratamento, mas neste momento ainda temos muito pouco entendimento do porquê de isto acontecer”, referiu Patricia Pelufo Silveira.

Os investigadores esperam que esta descoberta conduza ao desenvolvimento de opções terapêuticas centradas em genes específicos para cada género, e também encorajar mais cientistas a investigar pistas genómicas em diferentes populações.

ZAP //

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