Lagarde apela a corte urgente nos apoios às famílias. “Ouvi-a duas vezes. Não acreditei”

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Friedemann Vogel / EPA

Christine Lagarde, presidente do BCE

Presidente do BCE não quer aumento da inflação a médio prazo e quer “rapidamente” redução das medidas de apoio. Já há reações em Portugal.

A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, apelou aos governos da zona euro para começarem “rapidamente” a reduzir os apoios orçamentais às famílias e às empresas, para travar a inflação.

É importante começar rapidamente a reduzir essas medidas de forma concertada”, quando “os preços da energia baixam”, para evitar “aumentar as pressões inflacionistas a médio prazo“, declarou Lagarde, em conferência de imprensa, após a reunião de política monetária do BCE.

Lagarde disse também que o BCE “está pronto a agir, se for necessário” para “preservar a estabilidade financeira“.

O BCE decidiu subir as suas taxas de juro em 50 pontos base, apesar da agitação que se vive no setor bancário.

A instituição justificou a decisão com a sua determinação em assegurar “um retorno atempado da inflação ao objetivo de 2% a médio prazo”.

A expetativa nos mercados é de que esta subida não se repita. Há receios de crise financeira de grande dimensão na zona euro, explica o jornal Público.

“É um disparate”

O economista Francisco Louçã criticou as medidas do BCE, considerando que são ineficazes e “tão disparatadas como um cão a correr atrás da sua cauda” e defendeu que “estava escrito nas estrelas” a crise no Credit Suisse.

Em entrevista à agência Lusa, o fundador e antigo coordenador do BE foi questionado sobre o anúncio de hoje do Banco Central Europeu (BCE) do aumento em 50 pontos base das taxas de juro, considerando que “esta estratégia fracassou porque ela devia responder à inflação”.

“Estas medidas são tão disparatadas como um cão a correr atrás da sua cauda para a morder. O Banco Central Europeu anda à volta de si próprio, tomando medidas que não têm nenhum efeito. Não se registou até agora nenhum efeito significativo sobre a inflação e por uma razão que toda a gente compreende: a inflação foi provocada por uma guerra e por processos especulativos que a aproveitaram e a multiplicaram”, explicou.

De acordo com o economista, neste momento não se está a pagar só o custo da guerra, uma vez que a razão da inflação “é o facto de haver cadeias especulativas que são muito poderosas”, o que faz com que o aumento das taxas de juro seja “inútil e contraproducente”.

“O champanhe da guerra está a ser aberto nas administrações das empresas de distribuição e dos grandes potentados económicos que controlam o sistema de fornecimento de bens à população. São eles que empurram as dificuldades das famílias, que os governos e o Banco Central Europeu, na verdade, aceitam agravar com o aumento dos juros”, criticou.

Para Louçã, “há um efeito de tenaz, uma tesoura que está a atingir o poder de compra das populações sem qualquer efeito na inflação e com a certeza de um efeito grande sobre o empobrecimento”.

“Quando o governo português anuncia um observatório para observar os preços, só tem uma função de procurar enganar as pessoas que ouviram a notícia naquele momento, porque dificilmente, aliás, acreditarão que ela tem algum significado, alguma função”, criticou ainda.

Sobre a turbulência dos últimos dias no sistema bancário internacional, o economista defendeu que “desde a grande crise financeira de 2008, houve grandes alterações” protegeriam consumidores e depositantes, alertando, no entanto, que “há alguns esqueletos no armário”.

“A banca suíça desenvolveu-se sempre na base do segredo bancário, ou seja, na captação de fundos de branqueamento de capitais ou de manipulação ou de não pagamento de impostos”, referiu, concluindo que “estava escrito nas estrelas” esta crise no Credit Suisse.

Louçã alertou que “há outros fatores que se têm vindo a agravar e esses são os piores”, dando como exemplo “as dificuldades” do Deutsche Bank ou dos bancos regionais na Alemanha, “um barril de pólvora dentro da Zona Euro e na sua principal economia”.

Para o antigo coordenador do BE, perante o aumento dos juros no crédito à habitação ou das rendas, a estratégia do Governo tem sido “aceitar essa inevitabilidade”, o que considera surpreendente tendo em conta os preços das casas em Portugal.

“As respostas fundamentais a esta pressão dos preços, no caso da habitação, são paliativos ligeiros, de curtíssimo prazo, de muito pouco efeito e sem nenhuma estratégia do ponto de vista do desenvolvimento do país. E quanto aos outros preços, é fechar os olhos e fazer bravatas sobre a grande distribuição que, evidentemente acumula lucros com a facilidade que tem neste contexto”, concluiu.

“Ouvi-a duas vezes”

Manuel Monteiro, antigo presidente do CDS-PP, teve de ouvir duas vezes as declarações de Lagarde, para acreditar no que estava a ouvir.

“Sinceramente ouvi-a duas vezes. Não quis acreditar na primeira. Aquilo revela uma insensibilidade que não é compatível com uma pessoa de bem, independentemente daquilo que ela quer dizer – a forma como disse é reveladora de uma pessoa insensível e isso provoca agitação, perturbação e contestação por parte das pessoas”, analisou, na rádio TSF.

Paula Marques, vereadora da Câmara Municipal de Lisboa, ficou “quase chocada” ao ouvir a presidente do BCE.

“Acho indecoroso. É natural que a contestação aconteça. Só me apetece responder com parte do poema FMI, do José Mário-Branco: Não te chega para o bife? / Antes no talho do que na farmácia / Não te chega para a farmácia? Antes na farmácia do que no tribunal / Não te chega para o tribunal? Antes a multa do que a morte”

“Estas declarações são indecorosas e esta receita neo-liberal está a matar o doente”, avisou a vereadora do Cidadãos Por Lisboa.

“ZAP” // Lusa

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21 Comments

  1. Christine Lagarde está a ser a voz da Razão.
    O que ela afirmou é o que há décadas os economistas sabem. Que doutorados como Louçã não o entendam é que é surpreendente.

  2. Ponham-na a viver na linha de Sintra com 700 € por mês que é para ela perceber como é a vida da maior parte dos Tugas…

  3. Esse mundo está se preparando para a nova ordem mundial. Tudo o que está acontecendo é apenas um ensaio.
    Pois o que vem aí será global,
    Repare na política mundialmente dizendo, na religião e na família.
    O que vem não tem escape , vai ser um caos.
    Vem mudanças, querendo ou não .

  4. O economista F. Louçã desaprendeu tudo o que lhe foi ensinado na faculdade ou então tirou o curso a um domingo tal como o seu amigo socrates. Nas suas analises enviesadas esquece-se da lei fundamental da oferta e da procura, esquece-se que antes da guerra já se verificava uma tendência se subida da inflação fruto de um grande aumento da procura e da escassez de oferta, o aumento das exportações portuguesas, a falta de semi-condutores são alguns exemplos. A guerra apenas piorou o que já estava crescendo, ora se não conseguimos acabar com a guerra a única forma de reduzir a inflação é retirar poder de compra a população para assim reduzir a procura levando a estagnação ou mesmo redução dos preços na oferta. Como o sr louçã tem uma agenda de extrema esquerda a defender, não perde uma oportunidade para dizer asneira indo contra aquilo que aprendeu.

    • Tem razão em tudo o e tudo o que diz. Só uma questão não está clara: o BCE regula a taxa de juro dentro da zona euro, mas os cidadãos de cada estado membro do grupo UE têm “saúdes” financeiras diferentes. Nem todos os países têm a fragilidade económica para a maioria dos seus cidadãos como Portugal, país onde as pessoas numa situação fora de crise, contam os trocos para tudo e, numa situação como a que estamos a viver, rapidamente entram em incumprimento financeiro. É aqui que está a desigualdade, porque a taxa de juro é aplicada uniformemente para todos os países da zona, não considerando as diferenças existentes entre membros e, o governo tenta mascarar esta fragilidade com apoios. mas esta realidade é fruto de décadas de políticas incompetentes que apenas promovem a pobreza. É verdade ou não esta trágica comédia?

      • É verdade, infelizmente neste país a qualidade dos nossos políticos é muito baixa. Relativamente aos juros de facto seria melhor para Portugal se a taxa de aumento fosse diferente consoante o país, no entanto mesmo que o banco de Portugal aplicasse uma taxa mais baixa, no final o que interessa é a taxa da Euribor na qual o Banco de Portugal não tem nenhuma influencia e por conseguinte se os outros países da Europa decidem aumentar a taxa de forma mais elevada o resultado seria uma taxa Euribor alta o que levaria a que indiretamente as taxas em Portugal aumentem.

        • Eu diria que a zona euro não seria viável sem a moeda única. E nos seríamos (ainda mais) miseráveis do que já somos. Porque era óbvio que a nossa morada seira LIXO.

    • Nada como acordar com um texto cheio de nada dos pseudo economistas e tudistas de serviço. A ideia peregrina da oferta e da procura. Meu deus, que visão que tem!!!!! nunca antes existiu este conceito….

      • Estude antes de dizer baboseiras quando não conhece um conceito básico da economia (a Lei da Oferta e Procura, também conhecida como Lei da Oferta e Demanda, é um modelo de determinação de preços num mercado. Num mercado em concorrência perfeita, os agentes econômicos tomam decisões que variam o preço até que este seja tal que a quantidade procurada seja igual à quantidade oferecida, resultando daí um equilíbrio econômico em que não há incentivos para a alteração de quantidades ou preços.) pouco tem a dizer do que limitar-se a sua ignorância. Mas como o que está em causa é o Francisco Louçã acredito que não passe de algum discípulo fanatizado.

  5. A Sra Lagarde não tem ar de quem aplica austeridade a si própria, pois se soubesse o que é viver com 700 euros não agiria desta forma. Esta a ver-se o que vai acontecer! Para o tuga, vai haver uma dupla penalização. Pois não basta o ordenado em Portugal não chegar para levar uma vida e cabeça erguida, como os juros não vão para de subir porque o estado todo bondoso ajuda as famílias e isso aos olhos desta senhora é intolerável. Para quando um governo que permita que as pessoas ganhem o suficiente para não termos de passar constantemente por esta humilhação! As pessoas não precisariam das esmolas do estado se tivessem ordenados dignos para viver.

    • Embora não goste desta Sr, mas a verdade é que ela tem razão. É óbvio que o problema não é ter idosos, o problema é o numero de jovens não ser superior a dos idosos que com os seus descontos permitiriam que esses idosos tivessem boas condições de reforma e de assistência. Como a Europa esta a envelhecer isto cria problemas para o presente e futuro.

  6. Esta coisa é um engendro qualquer que quanto antes morrer melhor será para todos. Temo é que tal como o Putin, os que a seguirem possam ser piores ainda.
    Gente lixo com cargos de gestão e muito poder nas mãos.
    Gente que desconhece o que é viver a vida real.
    Mas o mais triste é os que a defendem!!! Que asco de “pessoas”!

    • O problema da economia é o mesmo do futebol…todos pensam que sabem. Depois temos estas pérolas. Se soubessem o ridículo do que escrevem.

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