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Instituições para sem-abrigo no Luxemburgo recusam acolher portugueses

A situação dos portugueses que vivem nas ruas do Luxemburgo agravou-se no último ano, com as instituições que acolhem os sem-abrigo a recusarem estrangeiros há menos de cinco anos no país, disse à Lusa fonte da Caritas.

A directiva vem do Ministério da Família do Luxemburgo, que financia o “Foyer Ulysse”, um abrigo na capital luxemburguesa com capacidade para 65 pessoas, gerido pela ONG católica Caritas.

“Enquanto a percentagem de portugueses a viver nas ruas aumenta, o número no ‘foyer’ diminui, por causa das limitações de financiamento impostas pelo Ministério da Família”, disse à Lusa Ute Heinz, da direcção da Caritas.

As novas regras do Ministério da Família e da Integração já levaram a Caritas a ter de recusar vários portugueses, e há mesmo casos de emigrantes que foram obrigados a sair.

“Este ano deixámos de ter autorização para aceitar pessoas que não tenham uma autorização de residência permanente no país, ou seja, os que vivem no Luxemburgo há menos de cinco anos, quando antes bastavam três meses. Por esta razão, o número de portugueses que podemos acolher aqui diminuiu, e já tivemos de recusar alguns casos”, disse Ute Heinz.

Um dos portugueses obrigados a abandonar a instituição vivia há 21 anos no Luxemburgo, mas não conseguiu fazer prova de residência para obter a autorização necessária para continuar no abrigo, contou à Lusa a directora do ‘Foyer Ulysse’, Martine Drauer.

“Estas regras foram criadas para combater o chamado ‘turismo social’, mas já tivemos de recusar ou pôr fora pessoas que precisavam realmente da nossa ajuda, e não estamos nada contentes”, disse a responsável.

Sem tecto e endereço, fica mais difícil encontrar emprego e conseguir refazer a vida, explicou a técnica social Diana Pereira, ao serviço da Caritas.

“Se ficam desempregados e deixam de poder pagar a renda, acabam sem morada, e sem ela perdem todos os direitos sociais. Além de o alojamento ser muito caro, sem morada não podem fazer nada, porque até para arranjar emprego é preciso ter um endereço. É um efeito bola de neve”, sublinhou.

O governo luxemburguês organiza alojamento temporário para os sem-abrigo durante o inverno, mas a partir de 31 de Março, “só os que têm autorização de residência permanente são acolhidos”, disse uma responsável da Caritas.

Cerca de 17% dos sem-abrigo no albergue da Caritas são portugueses, segundo dados da organização.

/Lusa

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