Cientistas desenvolvem pílula masculina que impede os espermatozóides de nadar

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A nova pílula masculina funciona graças a uma proteína de sinalização celular chamada adenilil ciclase solúvel e não causa alterações hormonais.

Um estudo científico publicado na terça-feira na Nature Communications mostrou que estamos mais perto de uma pílula anticoncepcional masculina — no caso, trata-se de um medicamento não hormonal, usado apenas quando é preciso e que funciona impedindo os espermatozóides de nadar.

Testes em camundongos sugerem que a pílula consegue manter os espermatozoides disfuncionais por algumas horas, o suficiente para os impedir de chegar ao óvulo. Muitos outros testes estão previstos e são necessários para que o projeto avance. Antes de ensaios serem realizados com pessoas, estão previstos testes em coelhos.

A ideia é que, eventualmente, os utilizadores possam tomar a pílula uma hora antes do sexo.

Efeito temporário

Ao contrário da pílula anticoncepcional feminina, o novo medicamento masculino não envolve hormonas.

Segundo os cientistas responsáveis pelo projeto, esta é uma das suas vantagens : não seria necessário cortar a testosterona e nem haveria efeitos secundários por conta das alterações hormonais.

Em vez disso, o interruptor da “natação do espermatozoide” é uma proteína de sinalização celular chamada adenilil ciclase solúvel. A pílula masculina experimental bloqueia a ação desta enzima.

No estudo inicial em camundongos, financiado pelos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA, uma única dose do medicamento, chamado TDI-11861, imobilizou o espermatozóide antes, durante e depois do sexo.

O efeito durou cerca de três horas e, em 24 horas, parecia ter desaparecido completamente.

Uma das autoras do estudo, Melanie Balbach, do centro de pesquisas Weill Cornell Medicine, em Nova York, disse que o projeto se mostrou promissor por ser um anticoncepcional reversível e fácil de usar.

Mas é importante lembrar que o anticoncepcional não protegeria contra infeções sexualmente transmissíveis — para isso, os preservativos seguem necessários.

Não envolvido no estudo, Allan Pacey, professor de andrologia da Universidade de Sheffield, comemorou os resultados.

“Há uma necessidade premente de um contraceptivo oral eficaz e reversível para homens e, embora muitas abordagens diferentes tenham sido testadas ao longo dos anos, nenhuma chegou até agora ao mercado”, lembra Pacey.

“A abordagem descrita aqui, eliminando uma enzima-chave para o movimento do espermatozoide, é uma ideia realmente nova. O facto de ser capaz de agir e ser revertido tão rapidamente é realmente muito empolgante”, continuou o especialista.

“Se os testes em camundongos puderem ser replicados em humanos com o mesmo grau de eficácia, então esta pode ser a abordagem contraceptiva masculina de que estamos à procura”.

ZAP // BBC

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