A categoria de “Artista do Ano” dos Brit Awards não contou com nenhuma mulher nomeada, gerando uma polémica sobre a categoria mista.
Harry Styles conquistou quatro galardões dos Brit Awards no passado sábado, entre os quais o prémio da categoria de “Artista do Ano”. No final do seu discurso de agradecimento, o cantor reconheceu que está “muito consciente” do seu privilégio e dedicou o prémio a cinco artistas femininas que não foram nomeadas.
A primeira foi Rina Sawayama, artista de origem japonesa que levou os Brits Awards a mudar as regras e a incluir qualquer artista nascido no Reino Unido, seguida de Charli XCX, Florence Welch, Mabel e Becky Hill.
Além de Harry Styles, estavam nomeados para o galardão os artistas masculinos Central Cee, Fred Again, George Ezra e Stormzy. Não havia nenhuma mulher nomeada.
O antigo membro da boy band One Direction foi o porta-voz de um coro de críticas que já assombrou as duas últimas edições dos Brit Awards. A última edição em que houve separação de géneros foi em 2020, com Stormzy a vencer na categoria de “Melhor Artista Masculino” e Mabel a triunfar como “Melhor Artista Feminina”.
Tudo mudou desde um apelo do cantor Sam Smith, em 2019, recorda a CNN Portugal. O artista anunciou através das redes sociais que se identificava como pessoa não-binária.
Desta forma, Sam Smith tornou-se inelegível para as categorias divididas por sexo e foi excluído do principal prémio da edição de 2021.
“Anseio por uma época em que as cerimónias de prémios reflitam a sociedade em que vivemos”, apelou, na altura, o cantor britânico.
Os Brit Awards não tardaram a reagir, convergindo as categorias de “Melhor Artista Masculino” e “Melhor Artista Feminina” num única categoria neutra de “Artista do Ano”. A iniciativa foi aplaudida por vários artistas, que viram a decisão como uma alternativa mais inclusiva.
Nem todos concordaram. A ativista Caroline Criado Perez, por exemplo, salientou a existência de uma “cultura masculina por definição” e que isso poderia ter efeito no painel de nomeados.
Os Brit Awards não cederam e apresentaram resultados práticos. Na edição de 2022, dos cinco nomeados para “Artista do Ano”, dois eram mulheres. A vencedora acabou mesmo por ser Adele.
“Percebo porque é que o nome deste prémio mudou, mas adoro mesmo ser mulher e ser uma artista feminina. Adoro, adoro! Estou muito orgulhosa de nós, estou mesmo”, disse a artista no discurso de agradecimento.
O facto de as nomeações deste ano não incluírem qualquer mulher trouxe novamente a polémica à baila.
“Não seria ótimo se apenas UM dos nomeados se levantasse e dissesse: não, isto não é justo, isto não é inclusão?”, questionou a jornalista Milli Hill.
Wouldn’t it be great if just ONE of the all male nominees for Artist of the Year at the #britawards actually stood up and said, no, this isn’t fair…this isn’t inclusivity. But men don’t have a very good track record on standing up for women’s rights to be included, do they?
— Milli Hill (@millihill) January 12, 2023