O Ministério Público (MP) arquivou as suspeitas em torno do ex-vereador da Câmara Municipal de Lisboa (CML), Manuel Salgado, no âmbito da construção do Hospital CUF Tejo. Houve um “descuido estranho”, mas isso não é crime.
A investigação foi arquivada ao fim de dois anos e meio pelo procurador do MP Valter Alves, como avança o Expresso.
Havia seis suspeitos no caso, mas a “mera negligência” não é suficiente para avançar com uma acusação, entende o procurador, considerando que não fica provado que os suspeitos tenham actuado com intenção ou “dolo”. Nem foi apurado o que ganharam com isso, como cita o semanário.
O procurador assume que as projecções da obra “não foram elaboradas com rigor”, criando uma “errada ilusão de ausência de impacto visual”. Na realidade, “dissimularam a real obstrução da panorâmica do Miradouro Olavo Bilac” porque a construção “afecta de sobremaneira o sistema de vistas”, destaca.
“Esta actuação descuidada de projectistas experientes e reputados e dos elementos da autarquia experientes e sabedores não deixa de ser estranha“, reconhece ainda o procurador do MP.
Apesar disso, as suspeitas de manipulação e prevaricação são arquivadas por falta de provas de que tenha havido crime.
A construção do Hospital CUF Tejo, em Alcântara, foi aprovada quando Manuel Salgado era vereador do Urbanismo da CML. O edifício tem mais dois andares do que as projecções apresentadas e que foram aprovadas pela CML e por Manuel Salgado, como avança o Expresso.
Em 2019, o ex-vereador chegou a admitir ao Expresso que foi um “erro” aprovar o projecto.
Manuel Salgado acabou por demitir-se da presidência da Sociedade de Reabilitação Urbana quando foi constituído arguido, em 2021.
Agora, o ex-vereador dá o assunto como “encerrado”. “Felizmente está tudo acabado. As insinuações que se fizeram e que muito me prejudicaram caíram por terra”, diz ao Expresso.
Manuel Salgado é arguido em mais um processo no âmbito da construção de um restaurante junto ao Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (MAAT).
Já o arquitecto Frederico Valsassina que é o autor do projecto do Hospital CUF Tejo assegura ao Expresso que “não houve manipulação das fotomontagens”. “O processo existiu com o único intuito de atingir politicamente Manuel Salgado, o que foi conseguido. Se não fosse este edifício, era outro qualquer”, conclui o arquitecto.